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Alpargatas entra na Justiça para cobrar R$ 266 milhões de Carlos Wizard

Segundo comunicado, ele não pagou parcela da compra da Alpargatas Argentina

Carlos Wizard: empresário informou que discorda do valor estimado do saldo remanescente da aquisição (Fabiano Accorsi/Divulgação)

Carlos Wizard: empresário informou que discorda do valor estimado do saldo remanescente da aquisição (Fabiano Accorsi/Divulgação)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 8 de março de 2023 às 10h51.

A Alpargatas, dona da Havaianas, entrou na Justiça para cobrar uma dívida de R$ 266 milhões do empresário Carlos Wizard em relação à compra da Alpargatas Argentina, dona da marca Topper na Argentina e em outros países.

Segundo comunicado divulgado ao mercado pela Alpargatas, Wizard não realizou o pagamento da primeira parcela remanescente do negócio, de R$ 89,7 milhões, que venceu no último dia 6 de março.

O valor, segundo a empresa, foi estabelecido no acordo de compra firmado em 2018 e seria pago em três parcelas. Como houve o atraso, a Alpargatas foi à Justiça e declarou o vencimento antecipado das demais prestações, que somam os R$ 266 milhões, e ingressou com processo de execução judicial. Segundo o comunicado, a execução tramita em segredo de Justiça.

A Alpargatas também informou no comunicado ao mercado que instaurou procedimento arbitral junto ao Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CAM-CCBC) para discutir o descumprimento do acordo pelas partes. Segundo a empresa, o procedimento arbitral se encontra em um estágio inicial.

"A Alpargatas adotará todas as medidas cabíveis para a defesa de seus direitos na execução judicial e no procedimento arbitral e comunicará eventuais novos desdobramentos relevantes dos processos em questão", diz o comunicado assinado por Julian Garrido Del Val Neto, vice-presidente de Finanças e de Relações com Investidores.

Posicionamento de Wizard

Em nota, Carlos Wizard informou que por discordar do valor estimado do saldo remanescente da aquisição, além novos atos governamentais ocorridos na Argentina e demandas de terceiros da Alpargatas, representantes do empresário procuraram a companhia ao longo de 2022 para um ajuste no preço de aquisição.No comunicado, o empresário não revela qual é a divergência de valores.

"Como a Alpargatas não mostrou interesse em discutir os valores, utilizei o foro estabelecido em contrato para divergências entre as partes e, em agosto do ano passado, propus uma arbitragem no Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CAM-CCBC)", disse o empresário na nota.

Ele afirma, "além de estranhamente não dar publicidade à arbitragem proposta, a Alpargatas hoje comunicou ao mercado uma ação judicial que desconheço e que me causa enorme estranhamento, já que não se trata do foro eleito pelas partes em contrato".

O empresário disse que considera esse ato como uma tentativa de intimidação devido à iniciativa de propor arbitragem para resolver as discussões em torno do ajuste do preço. Também considerou a decisão da Alpargatas uma tática para forçar o recebimento antecipado de valores que seriam pagos até 2025.

Negócio fechado em 2018

O acordo de venda de parte da Alpargatas Argentina foi fechado em 2018, e Wizard topou pagar R$ 100 milhões por 22,5% da companhia. O empresário deu R$ 40 milhões à vista. Depois, um novo acordo foi celebrado, em 2019, e ele exerceu o direito de ficar com os 77,5% restantes das ações da empresa por R$ 260 milhões, valor que começaria a ser pago agora e seria liquidado em três parcelas.

Em entrevista à revista Época Negócios, Wizard declarou, na época da transação, que a Topper era uma marca estratégica por ser líder no mercado esportivo na Argentina e estar presente em vários países.

No ano passado, a XP, através de seu banco, também cobrou na Justiça cerca de R$ 8,2 bilhões de um empréstimo de R$ 30 milhões feito a Orion, uma das empresas de Wizard, do ramo imobiliário. Cada parcela equivalia a R$ 1,7 milhão, mas com o atraso nos pagamentos, ele acumulou dívida no valor de R$ 8,2 milhões.

A holding do empresário, a Sforza, divulgou nota à época informando que estava com dificuldades para administrar suas dívidas depois dos efeitos negativos da pandemia de Covid-19 nos negócios.

Wizard tem participações em companhias como a escola de idiomas WiseUp e na IMC, dona da KFC e da Pizza Hut no Brasil. Também é dono da Mundo Verde, de produtos saudáveis.

Segundo a revista Forbes, Wizard está na 104ª posição entre os homens mais ricos do Brasil, com fortuna estimada em R$ 3,4 bilhões.

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