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Acordo do petróleo traz equilíbrio. Mas é para valer?

No fim da tarde de domingo membros da Opep e aliados combinaram de cortar a produção em quase 10 milhões de barris para segurar os preços

Petróleo: acordo estava em parte “precificado” por investidores  (Nick Oxford/Reuters)

Petróleo: acordo estava em parte “precificado” por investidores (Nick Oxford/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2020 às 06h10.

Última atualização em 13 de abril de 2020 às 06h29.

Apesar de o mundo caminhar para os 2 milhões de casos de coronavírus, e o Brasil ter chegado a 22.000 contaminados, as bolsas globais terão uma nova semana de otimismo? O Ibovespa, vale lembrar, subiu 11,7% na semana passada, na esteira de altas globais puxadas por aparentes picos da doença na Europa e em regiões dos Estados Unidos.

Esta semana, as negociações começam com a notícia de um acordo para cortes na produção de petróleo. No final da tarde deste domingo, 12, membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados, como Rússia e Canadá, fecharam um acordo de cortes de produção de quase 10 milhões de barris por dia (bpd) a partir de 1º de maio até 30 de junho para equilibrar os preços, que estavam em queda livre.

Posteriormente, o corte será de 8 milhões de bpd até o final de 2020 e, de 6 milhões, até abril de 2022, em “um passo significativo para deter a velocidade com que a indústria global de petróleo caminhava para o colapso total”, disse o cartel em nota.

Para analistas ouvidos pela EXAME, o acordo é crucial para tentar trazer ao mercado um pouco de equilíbrio, já que a pandemia da covid-19 derrubou o consumo global de combustíveis fósseis. Para 2020, a estimativa da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) é de queda da demanda, pela primeira vez em mais de dez anos.

Com o acordo, o cenário é positivo principalmente para Estados Unidos, Rússia e países do Oriente Médio, que têm grande dependência da atividade petrolífera. O Brasil também tem na commodity uma grande fonte de receita, com peso importante na balança comercial.

Para a Petrobras, a notícia é boa no curto e médio prazo. O ponto de equilíbrio de produção (breakeven) da companhia vem caindo na camada pré-sal, o que confere competitividade. No entanto, no longo prazo, a “queima” de caixa decorrente dos preços em baixa – já que o consumo continuará afetado pela pandemia – compromete a viabilidade de projetos que ainda estão no papel.

Apesar da boa notícia do acordo, o preço do petróleo amanheceu a segunda-feira estável. As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em baixa, embora os índices europeus tenham aberto em alta. Boa parte do acordo pode já estar “precificado” por investidores. Por outro lado, há dúvidas sobre a determinação dos países envolvidos de manter o que foi negociado no longo prazo. A guerra de preços poderia voltar assim que a covid-19 passar.

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