O tanque de guerra 3.0 da Leonardo-Finmeccanica (Leonardo/Exame)
A mobilização de 300 mil militares russos da reserva, decretada pelo presidente Vladimir Putin, está gerando temores de um possível conflito nuclear entre o Ocidente e a Rússia.
Com isso, as ações de empresas do setor de defesa listadas nas bolsas europeias e americanas estão registrando fortes altas.
A britânica BAE Systems, produtora de sistemas de armamento que vão desde o caça F-35 até o porta-aviões classe Queen Elizabeth, está subindo 3,99%.
As francesas Thales e Dassault Aviation, produtoras de aviões de guerra, sistemas de aquisição de alvos, radares e drones, estão subindo 4,82% e 3,57% na Bolsa de Paris, após um mês de queda das ações.
A alemã Rheinmetall, produtora do tanque de guerra Leopard, de peças de artilharia como o Panzerhaubitze 2000 e de canhões, está subindo 10,11%, na Bolsa de Frankfurt. A também alemã Hensold, produtora de sistemas de eletrônica para defesa, está ganhando 11,42%.
A italiana Leonardo, produtora de helicópteros de guerra e de canhões, está subindo 5,15% na Bolsa de Milão.
A sueca Saab, produtora de caças, inclusive do Gripen fornecido para a Força Aérea Brasileira (FAB), está subindo 5,66% na Bolsa de Estocolmo.
O subíndice Stoxx600, que reúne 24 grandes nomes da indústria aeroespacial e de defesa europeia, estava subindo 2,28%, ao meio-dia, em comparação com a alta de apenas 0,21% do EuroStoxx 600.
As americanas Lockheed Martin, Boeing, Raytheon Technologies Corporation e Northrop Grumman Corporation produtoras de aviões e sistemas missilísticos, estão subindo respectivamente 2,68%, 1,10%, 2,74% e 3,01%.
Desde o começo da invasão da Ucrânia por parte da Rússia as ações da maioria dessas empresas estavam registrando altas expressivas.
Saiba mais:
A decisão de Putin de mobilizar milhões de reservistas marca uma escalada do conflito na Ucrânia, pois representa a primeira mobilização dessa dimensão desde a Segunda Guerra Mundial.
De acordo com analistas, o mercado continuará a olhar para as ações do setor de defesa tentando entender como os governos vão avançar nos planos para o aumento de gastos militares.
A guerra na Ucrânia está provocando um aumento maciço nos orçamentos de defesa, com muitos países pretendendo se alinhar com a meta da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de gastos militares iguais a 2% do Produto Interno Bruto (PIB).
Essa perspectiva pode levar a um aumento de 41% nos orçamentos militares europeus até 2030 em relação a 2021.
O crescimento dos orçamentos de defesa se traduzirá em encomendas significativas para as produtoras de armamentos, mas também em aumentos de custos e preços para fabricantes de todos os segmentos: de mísseis e munições para sistemas de defesa terrestre, naval, aérea e eletrônica. Por isso, as empresas do setor de defesa já estão se preparando proativamente, avaliando também os riscos para a aquisição de peças e materiais.
Os estoques de petróleo dos países europeus também subiram, por temores de racionamento de energia e possíveis apagões durante o inverno, depois que a Rússia fechou abruptamente as torneiras de importantes gasodutos da região, como o Nordstream I.
Desde o dia 24 de fevereiro, os fundos ESG estão comprando ações de fabricantes de sistemas de armamento.
A invasão da Ucrânia alterou a percepção dos gestores sobre as ações de empresas produtoras de armas.
Foi o caso do Skandinaviska Enskilda Banken (SEB), um dos maiores bancos da Suécia.
Há mais de um ano, a instituição financeira sueca proclamou que nenhum de seus 100 fundos jamais compraria uma ação de empresas produtoras de armas.
Mas no primeiro de abril, seis fundos do SEB voltaram a comprar ações de empresas do setor de Defesa, como a Saab, fabricante sueca de aviões de combate (que inclusive está fornecendo seus modelos Gripen ao Brasil).
Não por acaso, as ações da Saab na Bolsa de Valores de Estocolmo passaram de 220 coroas para 415 coroas de fevereiro até maio, chegando a dispararam 30% em cinco dias.
A única exclusão que ainda está valendo para os fundos da SEB é sobre investimentos em empresas que fabricam, desenvolvem ou vendem armas que violem convenções internacionais ou que estejam envolvidas no desenvolvimento de armas nucleares.
Segundo os analistas do Citi, “a partir de agora, o setor da Defesa será considerado cada vez mais como uma necessidade que facilita a adoção de critérios ESG para os negócios, mantém a paz, a estabilidade e outras coisas socialmente justas”.
Traduzindo para o bom português: está liberado comprar papéis de produtores de armas. E o mercado não vai julgar os fundos que operarem nesse sentido. Muito menos puni-los.