Ações da segunda maior rede de varejo do mundo tombam na França (Antonio Milena/EXAME)
Da Redação
Publicado em 1 de dezembro de 2010 às 10h08.
Paris - As ações do Carrefour desabavam 10 por cento nesta quarta-feira, depois que o maior grupo de varejo da Europa cortou estimativa de lucro em 2010 pela segunda vez em seis semanas, aumentando preocupações sobre a credibilidade de suas estimativas e capacidade da administração em controlar riscos internos.
A segunda maior rede de varejo do mundo em vendas afirmou na terça-feira que está esperando um lucro operacional de 3 bilhões de euros (3,9 bilhões de dólareS) para o ano em base pro forma.
O número é 130 milhões de euros mais baixo que a estimativa anterior.
O grupo francês atribuiu o ajuste a aumento de encargos no Brasil, onde a empresa está tentando melhorar vendas em hipermercados, e a condições mais duras de negócios na França e sul da Europa.
"Isso de novo piora a confiança do mercado sobre a ação, depois da comunicação ruim desde meados de outubro... O grupo perdeu sua credibilidade em termos de estimativas e em termos de controles internos", disseram analistas do Exane BNP Paribas em nota.
Às 8h26 (horário de Brasília), as ações do Carrefour exibiam perda de 8,35 por cento, a 31,93 euros, depois de terem chegado a cair a até 31,32 euros mais cedo. O papel era o de maior perda no índice da bolsa de Paris.
Em meados de outubro, o Carrefour reduziu sua meta de lucro em 2010, citando encargos no Brasil de 180 milhões de euros. Mas uma auditoria final da situação no país revelou que os encargos seriam de 550 milhões de euros.
"Este último alerta de lucro reforça o ceticismo sobre as metas financeiras de longo prazo do Carrefour, especialmente uma vez que em um ambiente cada vez mais competitivo na França torna mais difícil para a empresa reter os benefícios de suas iniciativas de corte de custo", disse o analista Chris Hogbin, do Bernstein.
A administração do Carrefour insistiu na terça-feira que a situação no Brasil não ameaça as estimativas de longo prazo do grupo e que está confiante numa solução rápida dos problemas.
Mas analistas não mostram tanta certeza.
"Os encargos no Brasil criam dúvidas sobre a lucratividade, bem como sobre a administração das operações internacionais do Carrefour", disse Hogbin.