Londres - As ações do Barclays subiram nesta sexta-feira após o banco nomear o veterano do mercado financeiro David Walker como novo presidente do conselho administrativo para preencher um vazio na administração e escolher um especialista para conduzir a recuperação da instituição após um escândalo de manipulação de taxas de juros.

Walker, de 72 anos, é um ex-executivo do Banco da Inglaterra (banco central) e do Tesouro do Reino Unido que escreveu um dos mais importantes manuais de administração corporativa para os bancos britânicos. Ele tem uma experiência de 17 anos na área de investimentos do Morgan Stanley.

"Nós esperamos que isso marque o início de um novo capítulo --um capítulo de mudança-- para o Barclays. Estamos confiantes que Walker é o homem certo para o cargo", disse Guy Jubb, executivo e um dos 10 principais acionistas do banco. "Isso vai ser bom para o Barclays e bom para a City (centro financeiro) de Londres" completou Jubb.

Walker recebeu uma proposta de um mandato de três anos para liderar os esforços de recuperação do banco e encontrará tarefas como o corte de salários e melhoria da cultura de negócios do banco, além de escolher um novo presidente-executivo com coragem para mudar a estratégia da instituição.

"Participei de muitas reuniões com ele para debater a forma adequada de fazer negócios. E seu ponto de vista sempre é que a reputação e a integridade vão muito além do lucro a curto prazo", disse Jonathan Chenevix Trench, que sucedeu Walker como presidente do Morgan Stanley International em 2004.

As ações do Barclays chegaram a subir 2,5 por cento nesta sexta-feira, o melhor desempenho do índice bancário europeu, que estava em queda de 0,1 por cento.

Barclays disse na quinta-feira que Walker irá se tornar diretor no começo de setembro e assumirá o cargo de presidente do conselho dois meses depois. Ele substituirá Marcus Agius, que pediu demissão após o banco ser multado em 453 milhões de dólares por manipular a Libor (taxa de juros londrina usada como referência para transações interbancárias). O escândalo forçou a demissão de Bob Diamond como presidente-executivo e expôs problemas nas relações do banco com os reguladores norte-americanos.

Comemorando o fim da incerteza sobre a liderança do Barclays, os investidores esperam que Walker tenha resistência para dirigir o banco em um dos mais desafiadores períodos da sua história. "Tenho certeza de que os 70 são os novos 50, mas vai ser difícil" disse um dos 40 acionistas mais importantes do banco à Reuters.