Mercados

Ações de montadoras sofrem forte abalo após ameaça de Trump ao México

Fabricantes japonesas Toyota, Nissan e Honda recuaram; montadoras dos EUA com fábricas no México também sentiram o baque

Fábrica da Nissan em Resende (RJ): investimentos para ampliar a capacidade de produção (Germano Lüders/Exame)

Fábrica da Nissan em Resende (RJ): investimentos para ampliar a capacidade de produção (Germano Lüders/Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2019 às 12h24.

Última atualização em 31 de maio de 2019 às 12h29.

As ações de grandes montadoras de veículos recuaram nesta sexta-feira (31), depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu o mercado com ameaças de sobretaxar produtos importados do México.

A escala de tensões preocupa vários setores, mas atinge em cheio o automotivo. Empresas do setor temem que as tarifas abalem o modelo de negócios sustentado há anos pelas fabricantes globais de veículos. Montadoras asiáticas fornecem peças e componentes para fábricas no México e mantém unidades no país, assim como as norte-americanas.

As tarifas mais elevadas começarão em 5% no dia 10 de junho e aumentarão mensalmente até atingirem 25% em 1º de outubro, a menos que o México adote ações imediatas para combater a imigração, disse Trump.

Toyota, Nissan e GM em forte baixa

Na Ásia, a montadora japonesa Toyota sentiu o baque e fechou em baixa de 2%, enquanto a Nissan, também do Japão, recuou mais de 5% no pregão desta sexta. A montadora Honda teve desvalorização de mais de 4%, e fabricante Mazda, de Hiroshima, recuou mais de 7%.

Os fabricantes de automóveis norte-americanos também foram atingidos pelo anúncio de Trump, em especial as empresas que mantêm unidades no México, aproveitando a mão-de-obra barata do país, os acordos comerciais e a proximidade com os Estados Unidos.

No mercado futuro da bolsa de Nova York, as ações da General Motors (GM) chegaram a cair 4,7%, enquanto a Ford cedeu 3,6%.

Ameaças pressionam Wall Street

Os mercados acionários dos Estados Unidos caíam nesta sexta, pressionados por temores de que a ameaça de Trump pode ser o gatilho a empurrar a maior economia do mundo à recessão.

Às 11h54 (horário de Brasília), o índice Dow Jones caía 1,03%, a 24.912 pontos, enquanto o S&P 500 perdia 1,033756%, a 2.760 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuava 0,98%, a 7.493 pontos.

Wall Street caminha para uma queda de mais de 6,5% em maio, pior desempenho neste ano e gatilho para a forte entrada de dinheiro no mercado de bônus, o que encorajou expectativas de uma recessão nos EUA.

O setor financeiro —sensível aos movimentos nas taxas de juros— era pressionado, caindo 1,29%, com as ações de bancos perdendo 1,50%.

Escalada da tensão comercial

A bravata de Trump é uma resposta ao contínuo fluxo de imigração na fronteira sul dos Estados Unidos. No Twitter, ele afirmou que a tarifa vai subir, a não ser que o México tome ações concretas para interromper a imigração ilegal.

Trump segue firme na determinação de construir um muro na fronteira com os dois países, plano que esta semana foi criticado até pelo papa Francisco, que disse que gostaria de discutir o assunto pessoalmente com o presidente americano.

O timing das ameaças, de caso pensado por Trump, não poderia ser pior, já que Estados Unidos, México e Canadá estão em meio a negociações para aprovar um novo acordo comercial que substitua o Nafta.

Ontem, Mike Pence, o vice-presidente americano, se encontrou com o presidente canadense, Justin Trudeau. Os dois países são os maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos depois da China, alvo de uma crescente onda de tarifas impostas por Trump. Em 2018, o México vendeu 346 bilhões de dólares em produtos aos Estados Unidos.

Acompanhe tudo sobre:AçõesDonald TrumpFordHondaMontadorasNissanToyotawall-street

Mais de Mercados

Casas Bahia reduz prejuízo e eleva margens, mas vendas seguem fracas; CEO está confiante na retomada

Tencent aumenta lucro em 47% no 3º trimestre com forte desempenho em jogos e publicidade

Ações da Americanas dobram de preço após lucro extraordinário com a reestruturação da dívida

Na casa do Mickey Mouse, streaming salva o dia e impulsiona ações da Disney