Para os bancos portugueses, o rebaixamento foi "a materialização do pior cenário, de forte aumento no custo do risco" (Marcel Salim/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 6 de julho de 2011 às 08h01.
Madri - As ações dos bancos de Portugal e da Espanha operam com forte queda nesta manhã, em reação à decisão de ontem da agência de classificação de risco Moody's Investor Service de rebaixar o rating (classificação de risco) de Portugal para grau especulativo. A Moody's também alertou que o país pode precisar de outra rodada de ajuda financeira da União Europeia.
Às 7h30 (de Brasília), Banco Comercial Português caía 6,09%, Banco Espírito Santo recuava 3,61% e Banco BPI perdia 4,96% na Bolsa de Lisboa, enquanto o índice PSI-20 tinha baixa de 2,37%.
Para Portugal e seus bancos, o rebaixamento foi "a materialização do pior cenário, de forte aumento no custo do risco e de falta de acesso aos mercados por um longo período", comentou um operador de Madri.
Na Bolsa de Madri a situação é parecida. No horário citado, Banco Santander caía 1,96%, Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) cedia 2,10% e Banco Popular Español declinava 2,48%. O índice Ibex-35 tinha queda de 1,52%. Todos eles têm unidades em Portugal e detêm parte da dívida soberana portuguesa.
De acordo com o Banco para Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), o sistema financeiro da Espanha é o mais exposto ao risco português, com 78,3 bilhões de euros em dívida pública e privada, quase um terço da dívida total portuguesa em circulação.
O rebaixamento de Portugal pela Moody's ocorreu em um momento delicado para a Espanha, que está nos estágios finais da reestruturação de seu setor bancário. Nas próximas semanas, dois bancos de poupança espanhóis tentarão realizar ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) de ações, enquanto o fundo de resgate do Banco Central da Espanha injeta capital nas instituições financeiras mais fracas do país.
A Moody's cortou o rating de longo prazo de Portugal para Ba2, dois níveis dentro do nível "junk", e atribuiu perspectiva negativa para a classificação, o que significa que novos cortes são possíveis. As informações são da Dow Jones.