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Ações de bancos europeus têm onda de vendas pior que em 2008

Deutsche Bank, UniCredit e Credit Suisse viram suas ações recuarem a um ritmo duas vezes mais intenso que no começo de 2008


	Deutsche Bank, na Alemanha: banco viu suas ações recuarem a um ritmo duas vezes mais intenso que no começo de 2008
 (Reuters)

Deutsche Bank, na Alemanha: banco viu suas ações recuarem a um ritmo duas vezes mais intenso que no começo de 2008 (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2016 às 13h45.

Londres - Ações de grandes bancos europeus, afetadas por uma lista sem fim de preocupações de investidores, estão passando por uma onda de vendas mais brutal que a registrada durante a crise financeira internacional de 2008.

Instituições financeiras da Europa perderam quase um quarto de seu valor, mais de 240 bilhões de dólares, desde o início do ano, diante de preocupações econômicas que podem desfazer oito anos de planos de cortes de custos, reequilíbrio de balanços e estratégias de aversão a risco.

Queda nos preços do petróleo, custos crescentes com tecnologia, desaceleração da China e volatilidade dos mercados globais são apenas alguns de muitos fatores que estão deixando os investidores nervosos sobre bancos.

Há também temores de que a indústria esteja com capitalização insuficiente para enfrentar inadimplência e que taxas de juros negativas em breve atingirão as margens dos bancos, forçando as instituições a cobrar pelos depósitos.

Retornos maiores aos acionistas também parecem muito distantes se os bancos tiverem tantos obstáculos a superar.

"Não há sinais de compra no setor bancário. Para que ter ações?", questionou Neil Dware, estrategista global na Allianz Global Investors.

Deutsche Bank, UniCredit e Credit Suisse viram suas ações recuarem a um ritmo duas vezes mais intenso que no começo de 2008.

ING e Nordea Bank, em quedas de 21 e 15 por cento até 8 de fevereiro, respectivamente, são os únicos bancos entre os 15 maiores da Europa com desvalorizações menos intensas que as vistas no mesmo período oito anos atrás.

Desde sua concepção em 2011, os bancos da zona do euro estão aproveitando a vantagem de dinheiro barato emitido pelo Banco Central Europeu (BCE) por meio das operações de refinanciamento de longo prazo conhecidas como LTRO para reestruturarem dívida que alguns investidores dizem que deveria ter sido registrada como perda.

"Há uma enorme negativa sobre os créditos podres que estão em muitos bancos 'zumbis' da zona do euro", disse Dwane, estimando que isso pode resultar em perdas de entre 1 trilhão a 1,5 trilhão de euros na indústria, o equivalente a cinco anos de lucro do setor.

O índice STOXX Europe 600 do setor bancário acumula queda de 24 por cento desde o começo do ano, ante declínio de 17 por cento no mesmo período oito anos atrás.

Mas alguns investidores sentem que o cenário ainda é melhor que o visto durante a crise financeira de 2008.

"É um período preocupante para ser acionista de banco, mas eu não acho que seja tão ruim quanto na crise do Lehman Brothers uma vez que o BCE pode agir mais prontamente e os estresses no sistema financeiro ainda não estão presentes", disse Andrea Williams, gerente senior de fundos na Royal London Asset Management, citando confiança no mercado interbancário.

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