Fábrica da Natura: lucro abaixo do esperado derruba as ações da empresa (Fernando Accorsi/Exame)
Da Redação
Publicado em 21 de julho de 2011 às 14h06.
Nova York - As ações da Natura Cosméticos SA lideram as baixas do Ibovespa após anunciar que o aumento mais lento nas vendas e que margens comprimidas por gastos maiores levaram à queda de 1,8 por cento no lucro do segundo trimestre.
Às 12:30, a Natura, maior fabricante de cosméticos da América Latina, registrava retração de 2,5 por cento, cotada a R$ 35,69. No ano até ontem, o papel acumula baixa de 23 por cento, ante queda de 15 por cento do Ibovespa no mesmo período.
O lucro líquido da Natura no segundo trimestre foi de R$ 188,1 milhões, contra R$ 191,5 milhões no mesmo período de 2010, segundo comunicado enviado ontem à Comissão de Valores Mobiliários. O resultado ficou abaixo da média das previsões de oito analistas consultados pela Bloomberg, que indicava lucro de R$ 212,8 milhões. A receita líquida da empresa cresceu 8,6 por cento, para R$ 1,39 bilhão, menor expansão desde o terceiro trimestre de 2007.
Os analistas do Banco BTG Pactual SA Fabio Monteiro, Thiago Duarte e Lucas Suemitsu cortaram sua meta de preço para a ação de R$ 50,00 para R$ 42,00. Eles não esperam uma recuperação no curto prazo, segundo relatório enviado aos clientes hoje.
“Apesar de dois eventos comerciais importantes no segundo trimestre (Dia das Mães em maio e Dia dos Namorados em junho), os resultados não apresentaram nenhuma melhora numa base sequencial ou em relação ao ano passado”, escreveram as analistas Daniela Bretthauer e Marina Braga, da Raymond James, em relatório enviado a clientes hoje. “A administração da empresa disse que em breve vai anunciar novas iniciativas para cortar gastos e aumentar produtividade, que são fundamentais para qualquer recuperação da lucratividade no segundo semestre de 2011.”
A Raymond James tem classificação “market perform” para as ações da Natura.
As vendas da Natura estão crescendo em ritmo mais lento, acompanhando a menor expansão econômica do País. A economia brasileira deve expandir 4,5 por cento em 2011, depois do aumento de 7,5 por cento no Produto Interno Bruto registrado em 2010, a maior taxa em mais de duas décadas.
A margem sobre os lucros antes de impostos, taxas, depreciação e amortização, conhecida como margem Ebitda, caiu para 23,5 por cento, em comparação a 25,9 por cento no mesmo período do ano passado. A queda reflete o aumento dos gastos da empresa. O número de consultoras de vendas subiu 17 por cento, atingindo 1,3 milhão.
A fabricante dos produtos Ekos também anunciou que pretende recomprar até 4 milhões de suas ações ordinárias, ou 2,3 por cento do total em circulação, no decorrer do próximo ano.