Azul anunciou nesta quinta-feira, 17, adição de 200 novos voos semanais e que passará a operar nos aeroportos regionais de Araraquara e de Guarujá, em SP (NurPhoto / Contributor/Getty Images)
Reuters
Publicado em 18 de abril de 2019 às 16h18.
Última atualização em 18 de abril de 2019 às 16h22.
São Paulo — O presidente-executivo da companhia aérea Azul, John Rodgerson, acusou nesta quinta-feira, 17, as rivais Gol e Latam de agirem para evitar a concorrência na ponte aérea São Paulo- Rio de Janeiro, em meio à disputa pela Avianca Brasil, que está em recuperação judicial.
"É uma pena o que os nossos concorrentes estão fazendo, tentando evitar a concorrência na ponte aérea partindo de Congonhas, porque quem vai sair perdendo é o consumidor", disse Rodgerson a jornalistas.
No começo deste mês, Gol e Latam Brasil, da Latam Airlines, ofertaram pelo menos 70 milhões de dólares cada por alguns ativos da Avianca Brasil, num acordo aprovado por credores da companhia.
Isso depois de a Azul, em março, ter fechado acordo não vinculante de 105 milhões de dólares para compra de ativos da Avianca Brasil, incluindo slots em aeroportos e contratos de leasing de aviões da rival.
"Nossa oferta não existe mais", disse Rodgerson no Palácio dos Bandeirantes, logo após o anúncio da operação de novas rotas nas cidades paulistas de Araraquara e de Guarujá.
Os ativos incluem principalmente 70 pares de slots - nome da licença que uma companhia aérea recebe para poder decolar e pousar num aeroporto -, sendo 20 deles em Congonhas. Na prática, isso permitiria que a Azul operasse a ponte Rio-São Paulo, uma das rotas aéreas mais cobiçadas do mundo.
Atualmente, Gol e Latam detêm juntas quase 90 por cento dos slots de Congonhas em dias úteis. A compra dos slots da Avianca permitiria à Azul mais do que dobrar sua fatia no terminal. Isso porque a Avianca tem 7 por cento das licenças de Congonhas (21, ao todo) e a Azul, 5 por cento, mas nenhuma na ponte aérea.
Se perder mesmo a disputa pela Avianca Brasil, a Azul não deve ter impacto significativo no desempenho operacional em 2019, disse Rodgerson.
Às 15h47, a ação da Azul tinha valorização de 7,3 por cento, enquanto a da Gol disparava 9,95 por cento. O Ibovespa avançava 1,85 por cento. Em Santiago, as ações da Latam tinham baixa de 0,2 por cento.
A Azul anunciou nesta quinta-feira adição de 200 novos voos semanais e que passará a operar nos aeroportos regionais de Araraquara, no interior de São Paulo, e de Guarujá, no litoral paulista, na esteira de mudanças implementadas pelo governo de São Paulo, que reduziram de 25 para 12 por cento a alíquota de ICMS sobre querosene de aviação.
O terminal de Araraquara terá um voo diário para Viracopos, em Campinas (SP), onde a Azul tem um hub ligando às principais cidades do país.
Além disso, a partir do segundo semestre a Azul terá novas rotas a partir de Viracopos para as cidades de Sinop MT), Vitória da Conquista (BA), Imperatriz (MA), Aracaju (SE), Natal (RN), São Luis (MA), João Pessoa (PB) e Cabo Frio (RJ).
Segundo a companhia, com os novos voos a Azul, terceira maior companhia aérea do Brasil, se tornará líder em número de decolagens em São Paulo, com 231 partidas diárias para 58 destinos.
O destino no litoral paulista depende da licitação do aeroporto, algo que, segundo o governador paulista, João Doria, deve acontecer até o final deste ano.
Tanto o litoral de São Paulo quanto Araraquara serão operados com as aeronaves turboélice modelo ATR 72-600, com capacidade para até 70 passageiros, informou a Azul.