Americanas: a crise da empresa acelerou a redução dos retornos nos investimentos em 2023 (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter
Publicado em 14 de novembro de 2024 às 14h38.
Última atualização em 14 de novembro de 2024 às 14h43.
As ações da Americanas (AMER3) sobem 97% na tarde desta quinta-feira, 11, com investidores repercutindo positivamente o recém-divulgado resultado da companhia, que apresentou lucro líquido de R$ 10,28 b,ilhões no terceiro trimestre. A cifra é equivalente a dez vezes seu valor de mercado. No mesmo período do ano passado, houve prejuízo de R$ 1,63 bilhão.
O lucro foi puxado especialmente pelo resultado financeiro, que registrou um saldo extraordinário positivo de R$ 14,2 bilhões. Esse valor é explicado pela empresa como consequência direta de diversas operações financeiras realizadas no âmbito do Plano de Recuperação Judicial.
Uma dessas operações foi a quitação das dívidas concursais, que incluiu um haircut (redução) de aproximadamente R$ 5,4 bilhões, aplicado aos credores que optaram pela Opção de Reestruturação II. Esse montante foi reconhecido como ganho financeiro, pois a dívida original foi convertida em ações, bônus de subscrição, novas debêntures, e o saldo restante foi quitado em dinheiro com desconto.
Outro haircut significativo, de R$ 6,4 bilhões, ocorreu no pagamento aos credores que aderiram ao leilão reverso em julho. Esse valor também foi contabilizado como ganho financeiro.
Houve ainda a reversão de R$ 4 bilhões em juros e variação monetária que incidiram sobre as dívidas concursais desde janeiro de 2023 até a novação da dívida. Essa reversão ajudou a melhorar o resultado financeiro.
Na frente operacional, a Americanas apresentou GMV de R$ 4,704 bilhões, 4% abaixo na comparação anual. A receita líquida ficou praticamente estável em R$ 3,197 bilhões.
Mesmo sem grande crescimento de receita, a Americanas conseguiu apresentar um EBITDA ajustado positivo de R$ 497 milhões contra o resultado negativo de R$ 269 milhões do mesmo período de 2023.
A Americanas justificou a melhora no EBITDA ajustado do terceiro trimestre de 2024 pela exclusão de despesas relacionadas ao processo de Recuperação Judicial e às investigações em curso, além de incluir receitas extraordinárias advindas de um haircut complementar aplicado no pagamento a fornecedores.
O processo de reperfilamento das dívidas com credores financeiros resultou em uma queda significativa na dívida bruta, de R$ 45,2 bilhões em junho para R$ 1,7 bilhão ao final de setembro. Esse valor atual inclui R$ 1,6 bilhão em debêntures e R$ 75 milhões em empréstimos e financiamentos de empresas do grupo que não estão incluídas na Recuperação Judicial.
A Americanas apresentou uma posição de caixa de R$ 2,2 bilhões, reduzida em relação aos R$ 6,3 bilhões de junho, devido ao uso de caixa para quitar obrigações do Plano de Recuperação Judicial (PRJ).