O Pão de Açúcar teve sua recomendação rebaixada de comprar para manter pelo Deutsche Bank (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 29 de junho de 2011 às 15h19.
São Paulo – As ações do Pão de Açúcar (PCAR4) embarcaram em uma verdadeira montanha-russa nesta quarta-feira (29). Os papéis, que chegaram a subir 12,1%, aos 82,11 reais, agora operam em leve baixa de 0,87%, negociados a 72,61 reais. Na sessão de ontem, as ações avançaram 12,64%.
O volume financeiro girado pela empresa hoje na bolsa chega a superar o da Vale (VALE5), segundo maior do dia, em 6 vezes. Às 14h40, os 23.660 negócios correspondiam a um giro de 1,21 bilhão de reais.
A forte reação do mercado ocorre após a Gama, empresa formada pelo BTG Pactual e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ter feito uma proposta de união do Pão de Açúcar com as lojas do Carrefour no Brasil. Parte do mercado avalia que a presença do BNDES na operação ajuda a garantir a concretização do negócio.
Volatilidade
Para a analista Julia Monteiro, da Ativa Corretora, o anúncio pode ser negativo no curto prazo devido às incertezas da aprovação do outro sócio controlador, o grupo Casino, o que pode trazer volatilidade às ações. “Julgamos, entretanto, que no longo prazo a fusão poderá ser positiva, gerando sinergias e criando assim a maior varejista do Brasil”, destaca.
Os acionistas irão receber 0,95% de cada ação ordinária da Gama por preferenciais do Pão de Açúcar (PCAR4). A relação para os papéis ordinários (PCAR3), de baixa liquidez, é de um para um. A razão da troca resulta em um valor de 17,1 bilhões de reais para o Pão de Açúcar, ou o equivalente a 66 reais por ação preferencial.
O Pão de Açúcar teve sua recomendação rebaixada de comprar para manter pela analista do Deutsche Bank, Renata Coutinho. O preço-alvo por cada ação em 12 meses é de 78 reais, segundo relatório obtido pela Bloomberg.
Incertezas
O analista Felipe Miranda, da Empiricus Research, encerrou a recomendação para as ações do Pão de Açúcar. Segundo ele, a forte alta das ações “pareceu levar às cotações a certeza da concretização do negócio”. Miranda explica que a operação ainda reserva sobreposições e materialização do acordo sob os moldes atuais surge como “pouco provável”.
“A questão de o Casino desconhecer a proposta e estar com um processo de arbitragem contra a família Diniz traz riscos à aprovação da fusão. No entanto, ressaltamos que a união do Pão de Açúcar com as operações brasileiras do Carrefour seria positiva, dado as elevadas sinergias que poderiam ser capturadas”, afirma Marcos Mattos, analista da Ágora Corretora.
Reunião
O Casino solicitou ontem a convocação imediata de uma reunião do Conselho de Administração para discutir os termos da proposta. Mais cedo, o grupo francês disse que lamentava profundamente a iniciativa de Abílio Diniz a dar curso a “negociações secretas e ilegais” com o Carrefour.