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Ação da Natura sobe mais de 9% e atinge recorde com compra da Avon

Fabricante de cosméticos confirmou que negocia a compra da rival norte-americana

Natura: ações em queda nesta quarta/ Divulgação (Natura/Divulgação)

Natura: ações em queda nesta quarta/ Divulgação (Natura/Divulgação)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 22 de maio de 2019 às 10h59.

Última atualização em 22 de maio de 2019 às 18h54.

Em dia de sobe e desce, as ações da fabricante de cosméticos Natura alcançaram o recorde histórico de R$ 61,50, fechando em alta de 9,43%. A disparada só veio depois que o papel reverteu uma queda de quase 6% na abertura dos negócios. O vai e vem aconteceu em meio à notícia de que a companhia negocia a compra da concorrente norte-americana Avon.

O acordo que selou a compra só veio a público minutos após o fechamento do pregão, quando a empresa anunciou que vai criar uma holding (nova empresa formada a partir de duas), que terá 76% de seu capital nas mãos da Natura.

A notícia fez os papéis da companhia brasileira abrirem em queda nos primeiros minutos de negociação. Já na bolsa de Nova York, os papéis da Avon chegaram a subir mais de 17%, e fecharam em alta de 9,06%. Em poucos minutos, enquanto a Avon manteve a alta, a Natura deu uma virada por volta do meio dia, quando já avançava em torno de 5%.

Razão do sobe e desce

A forte oscilação, segundo analistas ouvidos por EXAME, foi reflexo de um movimento de especulação e da dúvida sobre o modelo de oferta feito pela companhia brasileira. Mais cedo, o jornal britânico Financial Times publicou que a Natura vai comprar a Avon em um acordo todo em ações que avalia o grupo norte-americano em mais de 2 bilhões de dólares.

Segundo o analista da consultoria Upside Investor, Shin Lai, mais cedo, mercado demonstrou receio quanto aos termos do acordo com troca de ações, uma surpresa que veio à tona hoje. Daí a queda inicial. Mas os números estão a favor da companhia brasileira.

Os papéis da Natura acumulam alta de 36,6% desde a confirmação das negociações, em 22 de março de 2019, enquanto a Avon avançou 4,6%. Ou seja: mesmo com a desvantagem cambial, a Natura está num bom momento para trocar ações com a companhia americana especializada em vendas diretas. 

Para o especialista em ações da Levante, Eduardo Guimarães, faz todo sentido a disparada da Natura no pregão de hoje, por tratar-se de uma aquisição entre empresas com uma rivalidade histórica no segmento de cosméticos. "A operação fará com que a Natura se consolide como a grande empresa do setor,somando a compra da Avon a outras aquisições, como a The Body Shop", avalia.

As ações da Natura chegaram a cair cerca de 7% no dia em que a brasileira comunicou pela primeira vez o interesse em adquirir a rival. A desconfiança por parte dos investidores se deve, entre outras coisas, ao atual quadro financeiro da Avon, que em seus tempos dourados chegou a valer 20 bilhões de dólares e hoje tem seu valor de mercado reduzido a 1,4 bilhão de dólares. A Natura vale 26 bilhões de reais, perto de seu pico histórico e com alta de 200% desde o final de 2015.  

Entraves a caminho? 

O negócio com a Avon mira o mercado internacional. Após ter adquirido outra multinacional, a The Body Shop, em 2017, a Natura agora tenta expandir o peso de seus cosméticos para outras partes do mundo. Mas há receio de que a investida pode levantar bandeiras amarelas internamente. 

Para o consultor especializado na área de cosméticos Cláudio Oporto um dos principais problemas para a fusão seria a questão concorrencial. “O tamanho que a nova empresa teria em alguns segmentos, como maquiagem e cuidados de pele, com mais de 50% de market share, poderia fazer com que os órgãos concorrenciais exigissem a venda de marcas importantes”, diz.

 

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