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Abilio Diniz vende R$1,5 bi em ações do Pão de Açúcar

Participação do empresário nas ações preferenciais da varejista caiu para pouco mais de 10 por cento


	Abilio Diniz: o empresário pretende adquirir participações em outras companhias e diversificar seus investimentos com o dinheiro obtido com a venda dos papéis do Pão de Açúcar
 (LAILSON SANTOS)

Abilio Diniz: o empresário pretende adquirir participações em outras companhias e diversificar seus investimentos com o dinheiro obtido com a venda dos papéis do Pão de Açúcar (LAILSON SANTOS)

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Da Redação

Publicado em 11 de janeiro de 2013 às 17h03.

São Paulo - O empresário Abilio Diniz deu sequência nesta sexta-feira ao processo de diversificação de seus investimentos, com o ex-controlador do Pão de Açúcar vendendo ações da empresa por 1,5 bilhão de reais.

Em leilão realizado nesta tarde na Bovespa, o fundo Santa Rita --que reúne parte relevante do patrimônio de Abilio-- vendeu 17,12 milhões de ações preferenciais da maior varejista do país, ao preço de 89 reais por papel.

A bolsa não informou o nome do vendedor, que foi revelado à Reuters por uma fonte próxima ao empresário.

No fim de dezembro de 2012, o fundo Santa Rita, administrado pelo UBS, já tinha vendido 1,7 milhão de papéis preferenciais do Pão de Açúcar, por cerca de 150 milhões de reais.

Com as operações de venda realizadas até o momento, a participação de Abilio no total de ações preferenciais do Pão de Açúcar foi reduzida pela metade, para pouco mais de 10 por cento dos papéis dessa classe, segundo cálculos da Reuters com base na composição acionária da companhia.

O empresário, que é chairman do Pão de Açúcar, possui ainda ações ordinárias da empresa dentro da Wilkes, holding de controle da varejista.


O dinheiro levantado com a venda das ações preferenciais será direcionado à compra de participações em outras empresas listadas em bolsa, segundo a fonte próxima a Abilio, que pediu anonimato.

Em junho de 2012, o empresário transferiu o controle da varejista, que foi fundada por seu pai, ao sócio francês Casino, como previsto em acordo de acionistas.

Antes das operações realizadas em dezembro, cerca de 70 por cento do patrimônio de Abilio era representado pela participação no Pão de Açúcar. Fontes disseram à Reuters no mês passado que não fazia mais sentido, para o empresário, ter um portfólio de investimentos tão concentrado na varejista, agora que ele não é mais o controlador do grupo.

As operações de venda de ações do Pão de Açúcar ocorrem no momento em que o papel está num patamar 9 por cento inferior à máxima histórica de fechamento de 98,07 reais, registrada em 8 de outubro passado.

Nesta sexta-feira, em que o Pão de Açúcar divulgou desacelaração do crescimento das vendas no quarto trimestre, o papel da companhia caiu 3,22 por cento, terminando a sessão a 89,10 reais. O Ibovespa teve baixa de 0,29 por cento, segundo dados preliminares.

Inicialmente, o leilão de venda de ações preferenciais envolvia 13 milhões de papéis, mas foi elevado diante da forte demanda.


DESAVENÇAS

Abilio não tem uma relação harmoniosa com o Casino desde que, em meados de 2011, o empresário tentou unir as operações do Carrefour no Brasil ao Pão de Açúcar. O grupo francês acusou o então controlador da varejista brasileira de tentar minar o acordo de acionistas na Wilkes.

Na mais recente desavença, Abilio levou ao Conselho de Administração do Pão de Açúcar, em dezembro, a proposta de análise de migração da empresa para o Novo Mercado, ambiente que exige maior governança corporativa. O item foi rejeitado pela maioria dos conselheiros.

Na mesma reunião, foram eleitos os membros do recém-criado Comitê de Governança Corporativa do Pão de Açúcar, deixando Abilio fora do grupo. Ele entendia que deveria ter cadeira no comitê e questionou a competência definida para o órgão, de ser o elo entre a diretoria executiva e o Conselho de Administração --no entendimento de Abilio, essa é uma atribuição do próprio chairman.

Menos de duas semanas depois, em 20 de dezembro, Abilio abriu um procedimento arbitral contra o Casino. Um dos objetivos com isso, segundo a assessoria do empresário, é que o grupo francês "se abstenha de praticar ações que violem o cargo de Abilio Diniz como presidente do Conselho de Administração do Grupo Pão de Açúcar".

Desde antes de Abilio transferir o controle do Pão de Açúcar ao Casino, especula-se a respeito de uma possível saída do empresário da empresa com a ViaVarejo, unidade de eletroeletrônicos e comércio online do grupo. Essa alternativa esfriou nos últimos meses, segundo fontes. E, agora, parece perder força diante do movimento da venda parcial das ações de Abilio no Pão de Açúcar. (Edição de Aluísio Alves)

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