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A tempestade depois da bonança: para onde vai a bolsa?

Depois de bater recordes históricos consecutivamente, a bolsa volta a cair; analistas falam em realização de lucros e preocupação com cenário americano

B3: depois de romper o patamar histórico e chegar aos 76.000 pontos, a correção da bolsa já deixou o pregão cair 2,11% esta semana (Germano Lüders/Site Exame)

B3: depois de romper o patamar histórico e chegar aos 76.000 pontos, a correção da bolsa já deixou o pregão cair 2,11% esta semana (Germano Lüders/Site Exame)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 27 de setembro de 2017 às 17h36.

Última atualização em 27 de setembro de 2017 às 18h44.

Depois de alcançar patamares históricos, fechando inclusive acima dos 76.000 pontos, o Ibovespa voltou a cair e já tem, nesta quarta-feira, seu quinto pregão consecutivo de baixas. O principal índice da Bolsa fechou o dia em queda de 0,7%, a 73.796 pontos - chegou a cair para o patamar dos 73.000 pontos. Mas o que vem movendo o pregão para baixo nos últimos dias?

Para o gestor de fundos da GGR Investimentos, Rogério Storelli, o movimento de baixa tem inspirações externas e internas, que acentuaram a realização dos lucros depois de uma alta forte. “Houve uma piora na tensão entre Estados Unidos e Coreia do Norte, com as ameaças tomando mais corpo, o que preocupa os mercados. Por aqui, o investidor colocou o pé no chão e está descrente com a perspectiva de uma reforma da Previdência ainda em 2017”, diz

Para Storelli, com a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer correndo na Câmara, o legislativo fica com a agenda bloqueada para tratar da reforma, que ainda teria de passar por comissões, pelo plenário e ir ao Senado para começar a valer. “O investidor finalmente pôs o pé no chão em relação a esse assunto. O cenário para as reformas é muito duro e nunca houve prova concreta de que essa reforma seria concluída. Mas o movimento de compra foi alimentado pelo oba-oba em torno do cenário”, diz.

A denúncia contra o presidente, claro, também não passou despercebida. O fato trouxe à tona a instabilidade das instituições brasileiras e lembrou ao investidor que o momento não é 100% favorável. “O investidor estrangeiro está com apetite de Brasil, mas a denúncia lembra que a turbulência não passou e isso acaba agravando o movimento de realização dos lucros”, afirma o chefe de operações da companhia de investimentos Gradual, Pedro Coelho Afonso. “A instabilidade política ainda é muito grande, bem como a insegurança jurídica, com o STF tomando várias decisões de repercussão nacional”

O economista Celso Toledo, colunista de EXAME, vê a queda da bolsa como uma tendência que acompanha o cenário exterior. “O cenário lá fora é determinante para pautar o que acontece aqui. Se não houvesse otimismo nos mercados estrangeiros, não haveria no mercado interno. Ainda temos uma economia que se recupera lentamente, eleições conturbadas no ano que vem e bastante incerteza política”.

Segundo Toledo, o anúncio de uma reforma Tributária, feito nesta quarta-feira pelo presidente Donald Trump, com incentivos a deduções e reduções de impostos tende a afetar negativamente o mercado, pois há um impacto inflacionário. “A economia americana vem crescendo há muito tempo e o mercado de trabalho beira o pleno emprego, mas, estranhamente, a inflação está controlada. Quando um incentivo desses acontece num cenário de alta econômica, espera-se uma elevação da inflação, que leva a uma alta dos juros pelo FED e queda da bolsa”, afirma Toledo. Para o economista, a bolsa continua em um momento favorável, mas tem muita liquidez, o que significa que, com qualquer notícia, os investidores estão com o “dedo no gatilho” para vender.

Segundo Storelli da GGR Investimentos, até o final do ano a bolsa deve ter um movimento de correção, caminhando sem volatilidade na casa dos 70.000 pontos, entre indas e vindas. “Já estamos em outubro, se não houver nenhuma surpresa a bolsa deve seguir até o final do ano com calma. Acredito que entre os 73.000 e 74.000 pontos há muita margem para diversos investidores cortarem e tirar lucros”.

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