Bolsonaro: presidente negou a existência da ditadura militar, em entrevista ontem (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2019 às 07h08.
Última atualização em 28 de março de 2019 às 15h43.
A quinta-feira, 28, começa com grande expectativa sobre até onde pode ir o cansaço dos investidores com o governo. O dia de ontem foi de novos embates com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar que Maia está abalado por problemas na vida pessoal — seu sogro, o ex-ministro Moreira Franco, foi preso na semana passada.
Maia respondeu no mesmo tom. “Abalado estão os brasileiros que esperam desde janeiro que o Brasil comece a funcionar”, afirmou. “Não dá mais pra gente perder tempo com coisas secundárias, com coisas que não vão resolver a fome dos brasileiros”.
O problema: a quarta-feira foi recheada de questões que Maia chama de secundárias. Durante a tarde, Bolsonaro afirmou, em entrevista ao jornalista José Luiz Datena, que não houve ditadura no Brasil, e que o regime, tal qual um casamento, teve seus “probleminhas”. “Onde você viu uma ditadura entregar pra oposição de forma pacífica o governo? Só no Brasil. Então, não houve ditadura”, afirmou.
Durante a noite, Bolsonaro e seu filho Carlos voltaram a mirar a imprensa, negando informação da jornalista Eliane Cantanhêde de que a demissão do ministro da Educação, Ricardo Vélez, está decidida. Pelo Twitter, Carlos acusou o jornalismo de estar “raivoso, porque está sem financiamento e não pode mais barganhar a troca de favores”.
Resultado: a quinta-feira começou com investidores afirmando que o mercado perdeu a confiança e a paciência com o governo.
Ontem, a bolsa de valores brasileira despencou depois de o governo sofrer uma derrota no Congresso que levantou dúvidas sobre sua capacidade de articulação para aprovar as reformas liberais tidas como fundamentais para acelerar a economia. O Ibovespa, principal índice acionário local, recuou 3,6%, para 91.903 pontos. O dólar subiu 2,3%, para 3,9545, na maior cotação em seis meses.
Enquanto isso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, falou durante cinco horas no Senado defendendo a reforma da Previdência. Cada dia fica mais claro que um ministro só não faz verão.