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Da Redação
Publicado em 30 de novembro de 2011 às 18h58.
São Paulo – O anúncio oficial da subsidiária brasileira da bolsa americana Direct Edge realizado na terça-feira no Rio de Janeiro impressionou aos 120 participantes. Entre eles, estavam os analistas Mario Pierry e Tito Labarta, do Deutsche Bank, que viram um grande apoio político das autoridades do Rio. A intenção é reativar o mercado financeiro da cidade, que não tem uma bolsa desde 2002, quando a Bolsa do Rio foi comprada pela concorrente de São Paulo.
A americana Direct Edge Holdings revelou na semana passada a sua intenção de criar um novo mercado de ações no país para competir com a BM&FBovespa, mas com a sua sede na capital fluminense. A intenção é oferecer uma plataforma que negocie ações, ETFs (fundos de ações que negociam em bolsa), e também certificados de depósitos de ações. A empresa é a quarta maior bolsa americana com uma participação de mercado de 10%.
“Enquanto a Direct Edge ainda não tem as aprovações regulatórias necessárias para operar no Brasil (e ainda está analisando as alternativas para a clearing), ficamos impressionados com o apoio político por trás do plano de competir com a BM&FBovespa, e o fato de que que esse projeto está em estágio muito mais avançado que a BATS/Claritas. Acreditamos, portanto, que a competição está perto da realidade no Brasil”, afirmam os analistas do Deutsche Bank.
Projeto Brasil
A BATS Global Markets, terceira maior bolsa americana, anunciou em fevereiro que também pretende criar um ambiente alternativo de negociações no Brasil em parceria com a gestora brasileira Claritas. Desde o início do ano, contudo, que nada novo é anunciado. A Direct Edge tem a intenção de iniciar as operações no último trimestre de 2012.
“A Nova Bolsa do Rio de Janeiro”, como já tem sido chamada, espera primeiro atrair investidores estrangeiros e os operadores de alta frequência, que já são clientes nos EUA. Segundo o Deutsche Bank, a empresa acredita que pode gerar um atrativo retorno sobre o investimento com uma participação de mercado entre 15% e 20%, já que a experiência passada sugere que a competição leva a um aumento dos volumes no sistema.
"A Direct Edge se orgulha em servir a uma diversa gama de consumidores nos EUA, incluindo os operadores de alta frequência. Iremos tomar a mesma atitude no Brasil, trabalhando com clientes que sirvam para todos investidores – institucionais, varejo, e alta frequência – para ajudá-los a conduzir seus negócios", disse William O'Brien, CEO da Direct Edge em uma entrevista para EXAME.com. O' Brien é ex-vice presidente da Nasdaq e comanda os primeiros passos do desembarque no país enquanto não escolhe um presidente para a operação local.
O “projeto Brasil” está sendo estudado por quase um ano, disseram os analistas. “Isso é impressionante considerando que a empresa só tem 5 anos e se tornou operacional como uma bolsa nos EUA há menos de 2 anos. O forte quadro de regulamentação, o sólido potencial de crescimento, e a base sofisticada de clientes são os principais atrativos”, ressaltam Pierry e Labarta.
CVM
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autoridade do mercado de capitais brasileiro, iniciou nesta semana um estudo para avaliar a eficiência do mercado acionário e dos efeitos da entrada de um novo ambiente de negociação. O documento está sendo preparado pela Oxera Consulting.
"Embora no Brasil a regulamentação apenas reconheça a possibilidade de concorrência entre bolsas, na negociação de ações listadas, também será analisado cenário no qual seria possível a concorrência entre bolsas e mercados de balcão organizado", disse a CVM em uma nota.