IBOVESPA: alta de 47% desde 23 de março, mas queda de 5% nos últimos dias (Rahel Patrasso/Reuters)
Felipe Giacomelli
Publicado em 17 de junho de 2020 às 06h55.
Última atualização em 17 de junho de 2020 às 10h40.
Nesta quarta-feira um dilema das últimas semanas se acentua nas bolsas no Brasil e no mundo. A economia segue afundando no Brasil, com alguns pequenos sinais de melhora pelo mundo. Seria a deixa para queda nas bolsas. Mas as notícias de novos pacotes de estímulos segue puxando a euforia. No Brasil, outro dado, a ser divulgado hoje, será decisivo para mapear o desempenho do Ibovespa nos próximos meses.
Hoje o Comitê de Política Monetária do Banco Central divulga a nova taxa básica de juros, a Selic, que já está em sua mínima histórica, de 3% ao ano. Na última reunião, em 6 de maio, a instituição cortou a Selic em 0,75 ponto percentual, no sétimo corte consecutivo. Mais um corte é certo -- e analistas preveem nova redução de 0,75 p.p., levando a taxa para 2,25%.
O corte tende a impulsionar os investimentos para recuperação da economia em meio à crise do coronavírus. Ontem, foi anunciado que as vendas do varejo de abril caíram 16,8%, ante previsão de contração de 12%, mostrando que o tombo da economia pode ser maior que o esperado. Por outro lado, a inflação segue mais do que controlada -- o Banco Central prevê que o IPCA feche 2020 em 1,8%, ante expectativa anterior de 2,4%.
Juros baixos ajudam a aumentar a atratividade da bolsa para as pessoas físicas -- 500.000 delas compraram ações pela primeira vez este anos. São argumentos de quem olha o copo meio cheio para justificar a alta da bolsa.
Os otimistas têm um trunfo: a alta desde 23 de março no Ibovespa é de 47%. Mas os céticos argumentam que desde 8 de junho a baixa acumulada é de 5%. Ontem, o Ibovespa subiu 1,25% e encerrou em 93.531,17 pontos. Na outra mão, o dólar comercial subiu 1,8% e encerrou sendo vendido a 5,232 reais.
O dólar subiu por um aumento nas incertezas internacionais. Ontem, ao senado americano, o presidente do banco central americano, Jerome Powell, afirmou que a recuperação será longa e que a instituição não vai correr feito um “elefante” para o mercado de títulos.
"O cometário mostra que ele não recuou, mas também não irá sair fazendo loucuras. Então dá para ver o copo meio cheio ou meio vazio”, disse Bruno Lima, analista de renda variável da Exame Research. É o resumo desse momento para os investidores.