Trump: o presidente americano segue firme em seu plano de construir um muro na fronteira com o México (Kevin Lamarque/Reuters)
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2019 às 06h47.
Última atualização em 31 de maio de 2019 às 07h02.
O presidente americano Donald Trump trouxe subiu mais um tom na escalada de ameaças contra o comércio internacional nesta quinta-feira, ao ameaçar taxar em 5% todas as importações mexicanas.
A ameaça deve trazer uma nova leva de tensão aos investidores, com as bolsas asiáticas fechando em queda nesta sexta-feira, assim como os índices futuros da bolsa de Nova York, negociados após o fechamento do mercado na quinta-feira. Entre os setores mais afetados imediatamente estão as montadoras japonesas, que usam o México como base para a fabricação de modelos vendidos nos Estados Unidos. Algumas montadoras japonesas, como a Mazda, chegaram a cair 7% no pregão desta sexta-feira.
A bravata, no melhor estilo Trump, é uma atravessada resposta ao contínuo fluxo de imigração na fronteira sul dos Estados Unidos. No Twitter, Trump afirmou que a tarifa vai subir continuamente até bater 25% em outubro, a não ser que o México tome ações concretas para interromper a imigração ilegal. Trump segue firme na determinação de construir um muro na fronteira com os dois países, plano que esta semana foi criticado até pelo papa Francisco, que disse que gostaria de discutir o assunto pessoalmente com o presidente americano.
O timing das ameaças, de caso pensado por Trump, não poderia ser pior, já que Estados Unidos, México e Canadá estão em meio a negociações para aprovar um novo acordo comercial que substitua o Nafta. Ontem, Mike Pence, o vice-presidente americano, se encontrou com o presidente canadense, Justin Trudeau. Os dois países são os maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos depois da China, alvo de uma crescente onda de tarifas impostas por Trump. Em 2018, o México vendeu 346 bilhões de dólares em produtos aos Estados Unidos.
A China deve colocar em vigor na segunda-feira uma nova leva de aumento de impostos sobre 5 mil produtos americanos, como resposta às tarifas impostas por Trump. A tarifa deve crescer para 25%, o que renderia 60 bilhões de dólares em itens tão variados quanto baterias, espinafre e café. O México não tem o mesmo poder de fogo dos chineses e pode ser duramente afetado caso o aumento de tarifas seja de fato implementado.
O presidente mexicano, Manuel López Obrador, afirmou ontem que acredita em política, que “entre outras coisas, foi inventada para evitar confrontos e guerras”. O ministro das relações exteriores do México, Marcelo Ebrard, desembarca em Washington nesta sexta-feira para encontrar negociadores americanos.