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4 motivos que levaram a Moody’s tesourar o Santander e outros bancos espanhois

No dia em que o país entrou oficialmente em recessão, a principal agência de classificação de risco do mundo perde a confiança no setor bancário

Visão da Praça do Sol durante manifestações na Espanha (David Ramos/ Getty Images)

Visão da Praça do Sol durante manifestações na Espanha (David Ramos/ Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 17 de maio de 2012 às 19h20.

São Paulo – O que já era visto há algum tempo no mercado de ações e de títulos corporativos se tornou mais real ainda com um relatório publicado nesta quinta-feira pela agência de classificação de risco Moody’s. O rating de 17 bancos espanhois, incluindo aí o gigante Santander e a filial dele no Reuni Unido, foi cortado em até três níveis com preocupações acerca da saúde do setor financeiro e da Espanha, que hoje entrou oficialmente em recessão.

Segundo o relatório enviado pela agência, as alterações refletem principalmente as condições de crédito da maioria dos bancos. Em cinco casos, também foi considerada a redução da possibilidade da ajuda do governo espanhol no caso de dificuldades. O Bankia, quarto maior do país, foi parcialmente nacionalizado com a forte exposição em ativos podres. O El Mundo disse hoje que os clientes teriam sacado mais de um bilhão de euros da instituição nos últimos dias.

Cinco bancos tiveram a nota de longo prazo reduzida em um degrau, três em duas notas e nove em três níveis. Os ratings de curto prazo para 13 bancos também foram rebaixados em uma ou duas notas, impulsionada principalmente por mudanças de longo prazo. A perspectiva para 10 dos 17 bancos é negativa. Os demais afetados pela decisão continuam com os ratings em revisão para um novo rebaixamento. Ao todo, a agência já rebaixou 112 bancos europeus.

Abaixo, os quatro principais motivos para as revisões:

1) Condições adversas às operações

A economia espanhola voltou a cair em recessão no primeiro trimestre de 2012, e a Moody’s não espera que as condições melhorem durante o ano. “Além disso, a crise no setor imobiliário que começou em 2008 continua em curso, o desemprego aumentou para níveis muito altos, e isso com riscos elevados de emprego informal (somado com extremamente elevado desemprego dos jovens) afetando as perspectivas para os empréstimos dos bancos aos cidadãos”, diz a nota.

O resultado é a expectativa de uma piora adicional na qualidade dos ativos no próximos trimestres, causando um aumento do provisionamento de perdas dos empréstimos que correm os lucros dos bancos e, em alguns casos, os podem afetar os níveis de capital, mostra a análise assinada por Johannes Wassenberg, Maria Cabanyes, Alberto Postigo e Maria Vinuela. Os quatro principais bancos espanhóis anunciaram na segunda-feira que provisionarão 11,324 bilhões de euros adicionais em 2012.

2) Menor nota do governo espanhol

A qualidade de crédito do governo espanhol recuou com o país em meio ao tumulto econômico da zona do euro, em conjunto com o aumento do déficit orçamentário e a renovada recessão. O rating do país foi cortado em duas notas no dia 13 de fevereiro, com a perspectiva negativa. Isso fez com que as condições de crédito de vários bancos enfraquecessem em conjunto.

3) Deterioração na qualidade do crédito

Outro ponto importante é o aumento agudo dos empréstimos podres e a visão da Moody’s de que a situação só vai piorar. “A agência baseia parcialmente essa visão na performance muito fraca dos empréstimos para as empresas no setor imobiliário e de construção, que respondiam por 23% do total concedido ao setor privado ao final de 2011”, explicam os analistas.


Além disso, a agência espera que a recessão e o alto nível de desemprego cause uma deterioração adicional na qualidade de crédito para as pessoas e as negócios não relacionados ao setor imobiliário. O percentual de empréstimos com problemas no setor imobiliário saltou de 1% no final de 2007 para 8,2% em fevereiro de 2012.

4) Acesso restrito para novas captações

A Moody’a alerta que os bancos espanhois têm enfrentado tempos voláteis e restritivos para conseguir acesso a novas captações nos mercados. Em 2011, 46% dos ativos totais dos bancos vieram a partir de depósitos, um nível alto se comparado com outros sistemas financeiros do oeste europeu. “Ainda assim, os bancos se apoiam em vários graus em fundos de mercado, os deixando mais suscetíveis às persistentes tensões dos mercados”, diz a agência.

Com isso, os bancos elevaram em mais de seis vezes os empréstimos realizados junto ao Banco Central Europeu (BCE) desde junho do ano passado. O nível é o mais alto em termos absoluto dentro da zona do euro em abril. A disponibilidade de empréstimos de três anos no BCE mitigou o estresse de funding no curto prazo, explica a Moodys. “Entretanto, a dependência significativa do banco central aumenta o problema sobre como os bancos espanhois conseguirão reduzir a dependência ao longo do tempo”, ressaltam.


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