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3 fatores que levaram a Gol do céu ao inferno sem escalas

Ontem, as ações da empresa fecharam em alta expressiva de 28,5%, mas hoje chegaram a cair quase 18% na mínima da sessão


	Ações da Gol desperacam na Bolsa nesta quinta-feira
 (Divulgação)

Ações da Gol desperacam na Bolsa nesta quinta-feira (Divulgação)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 5 de maio de 2016 às 18h23.

São Paulo - As ações da Gol (GOLL4) foram do céu ao inferno em dois dias, sem escalas. Ontem, elas fecharam em alta expressiva de 28,5%, mas nesta quinta-feira (5) chegaram a cair quase 18% na mínima da sessão.

O ânimo de ontem foi estimulado pela notícia de que a companhia está renegociando a maior parte de sua dívida. Além disso, matéria da Folha de S.Paulo indicou que Michel Temer seria a favor de que estrangeiras controlassem o capital de companhias aéreas brasileiras.

Hoje, porém, três fatores azedaram o bom desempenho das ações. O primeiro deles foi a notícia da Bloomberg afirmando que um grupo de credores internacionais da companhia aérea considerou injusta a proposta de reestruturação de dívidas da empresa.

Segundo a agência de notícias, os credores contrataram o banco de investimento americano Houlihan Lokey para negociar com a Gol.

A companhia anunciou ontem que está oferecendo uma permuta de US$ 780 milhões em notas denominadas em dólares por novos títulos que vencem em mais de uma década. O corte no valor de face para os titulares das notas internacionais deve variar de 30% a 70%.

Mas os credores estrangeiros representados pelo Houlihan Lokey disseram, segundo a Bloomberg, que a proposta de reestruturação protege os detentores de títulos locais Banco do Brasil e Bradesco, que não enfrentarão cortes no valor de face de sua dívida, e deixa a maior parte dos prejuízos para os donos das notas internacionais.

Ratings

A proposta da Gol também não foi recebida com bons olhos pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, que rebaixou as notas de crédito da companhia, colaborando para a perda das ações na Bolsa hoje. 

O rating em escala global da aérea foi cortado de "CCC-" para "CC". Na escala nacional, a nota caiu de "brCCC-" para "brCC". Ambas as avaliações também foram colocadas em observação para possível novo rebaixamento.

Segundo a S&P, os cortes refletem a percepção de que a oferta de troca de bônus anunciada é delicada, dada a atual fraqueza de liquidez da companhia.

Na visão da agência de risco, a estrutura de capital da Gol é insustentável nas condições atuais do mercado, principalmente por causa de seu alto nível de endividamento.

No fim da tarde, a Fitch Ratings também cortou a nota da companhia de "CCC" para "C" por causa da oferta de troca de bônus. "A oferta proposta impõe uma redução significativa nos termos das notas sem garantia, em comparação com os termos originais das emissões", disse a agência em nota. 

"Caso a companhia obtenha sucesso na oferta de troca, os IDRs (notas de crédito) serão rebaixados para 'RD' (Inadimplência Restrita). Logo após o término das operações de troca de dívida, os IDRs seriam reclassificados, possivelmente mantendo-se em um grau especulativo baixo", completou.

Sobram lugares

Para completar a turbulência da Gol, a companhia aérea anunciou hoje dados operacionais que não agradaram aos investidores.

No primeiro trimestre deste ano, o RPK (indicador de passageiros por quilômetros transportados) recuou 6,6%, na comparação com o mesmo período de 2015. Já o ASK (indicador de assentos por quilômetros voados), caiu 5,9%.

Com isso, a taxa de ocupação total ficou em 77,5% no primeiro trimestre de 2016, ante 78,1% um ano antes. Em 12 meses até março, a taxa de ocupação foi a 77,1%, ante 77,4% do período anterior.

Atualizada às 17h30.

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