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“100 milhões de clientes é pouco”, diz CEO do Nubank sobre ambição internacional

Banco digital não vai distribuir dividendos e pretende reinvestir 100% do lucro na expansão do negócio

David Vélez, CEO e fundador do Nubank

David Vélez, CEO e fundador do Nubank

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 15 de maio de 2024 às 11h59.

Última atualização em 15 de maio de 2024 às 17h11.

O Nubank alcançou, no início de maio, a marca de 100 milhões de clientes, colocando o banco digital no posto de quarta maior instituição financeira da América Latina. São cerca de 92 milhões de clientes no Brasil – quase 60% da população adulta do País –, além de sete milhões de clientes no México e um milhão na Colômbia. 

Nas estimativas do Nubank, a empresa é a primeira plataforma digital a alcançar a marca fora da Ásia. O número, no entanto, ainda é baixo para o tamanho da oportunidade do Nubank na avaliação de David Vélez, fundador e CEO do banco digital.

“100 milhões de clientes é pouco, é 1,25% da população mundial. Ainda temos décadas [de crescimento] pela frente para liderar a grande transformação global em serviços financeiros”, afirmou Vélez em coletiva nesta quarta-feira, 15.

O Nubank não deu uma nova projeção em números de até pretende avançar a base. “Não vamos abrir ainda, mas é muito acima de 100 milhões.” 

Em termos de comparação, o CEO destacou a baixa participação das fintechs em algumas das principais verticais bancárias. A maior participação é no setor de pagamentos, onde as novatas têm 6,3% da indústria, segundo pesquisa da IBISWorld. Na frente de crédito, a mais rentável, a participação das plataformas digitais é de apenas 1%.

“A indústria de serviços financeiros é a maior do mundo e as fintechs têm menos de 1% desse mercado. Mostrar que nosso modelo é escalável e replicável [em outras geografias] nos coloca na melhor posição para liderar essa transformação”, disse Vélez. 

Para 2024, a meta principal é provar o modelo de negócios ser replicável em México e Colômbia, países onde a operação do Nubank ainda é deficitária. Alguns dos pontos de atenção são crescimento em cartões, controle da inadimplência, lançamento de novos produtos e diversificação da base de clientes. 

“Alcançados esses pontos podemos pensar em expandir para outros países nos próximos 3 a 5 anos.”

Sem dividendos: Nubank quer reinvestir resultados

Para fazer frente à ambição de ser o principal player do mundo em serviços financeiros digitais, o Nubank pretende reinvestir seus resultados na própria operação. O banco apresentou na véspera o balanço do primeiro trimestre deste ano, com lucro líquido de US$ 378,8 milhões – alta de 167% em base anual. A rentabilidade do banco ficou em 23%, entre as maiores do setor financeiro nacional.

“Não vamos fazer distribuição de dividendos ou recompra de ações: 100% do lucro vai ser reinvestido na companhia”, afirmou Guilherme Lago, CFO do Nubank.

A ideia é continuar crescendo no Brasil mas, principalmente, financiar a expansão em México e Colômbia. “Muita gente se perguntava se instituições financeiras foram feitas para cruzar fronteiras. Esse era um problema no modelo tradicional. Com o digital, estamos provando a capacidade de expandir o modelo do Brasil para outras geografias com sucesso.”

O grande foco deste ano é o México, onde a operação tem crescido de forma mais acelerada que no país natal da empresa. O Nubank fez uma estimativa dos principais números nos dois países 19 trimestres após o lançamento. Nessa comparação histórica, o México fica a frente em quase todas as métricas, o que é lido pela empresa como um bom potencial para o crescimento futuro. “Nossa tese é global, não uma idiossincrasia brasileira”, completou.

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