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Bolsa de valores: como influenciadores estão mudando o perfil dos investidores?

Especialistas da EXAME Research comentam sobre a importância dos influenciadores digitais na entrada de novos investidores no mercado financeiro

Bruno Lima, professor da EXAME Academy e analista de renda variável da EXAME Research (Leandro Fonseca/Exame)

Bruno Lima, professor da EXAME Academy e analista de renda variável da EXAME Research (Leandro Fonseca/Exame)

De acordo com dados divulgados pela B3 neste mês, o número de investidores na bolsa de valores de São Paulo (B3) passou de 1 milhão em maio do ano passado para quase 3,2 milhões em novembro deste ano. Ainda segundo os dados, 60% dos investidores entrevistados na pesquisa da B3 costumam se informar sobre investimentos através de influenciadores no YouTube. A pesquisa contou com respostas de 1371 pessoas, de todo território nacional, sendo homens e mulheres com idade entre 18 e 65 anos. Essas pessoas chegaram à B3 entre abril de 2019 e abril de 2020.

Segundo a especialista em fundos da EXAME Research, Juliana Machado, o papel dos influenciadores é de grande importância, já que eles têm tirado uma boa parte do estigma de que investimentos são apenas para um determinado grupo de pessoas mais favorecidas financeiramente.  "O juros baixo foi o grande motor propulsor para colocar o debate sobre como ganhar mais dinheiro, preservar o poder de compra e fazer um bom patrimônio em evidência. Sem dúvida o papel dos influenciadores neste processo é muito importante, porque você coloca de maneira mais agradável, lúdica e acessível, conteúdos que no final das contas são bastante áridos, são bastante técnicos", afirmou Machado.

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O mercado financeiro também se centralizou muito nos últimos anos devido a queda da Selic. Com isso, houve uma proliferação bem importante de novas gestoras, produtos, soluções financeiras, plataformas digitais, fintechs e, consequentemente, apareceram novas alternativas para as pessoas darem os primeiros passos nos investimentos.

A facilidade de acesso aos conteúdos voltados ao mercado financeiro e o alcance da internet pelo grande público são alguns dos maiores responsáveis também pela queda no valor do primeiro investimento das pessoas físicas, que em outubro de 2018 era de R$ 1916, em média, e em outubro de 2020 passou a ser de R$ 660. "Os valores do primeiro investimento feito pelas pessoas caíram expressivamente, indicando uma maior consciência de que não é preciso ter muito dinheiro para começar a investir", informou a B3 em relatório divulgado neste mês.

Segundo o analista de ações e influenciador digital da EXAME Research, Bruno Lima, os prós em relação à facilidade de acesso dos conteúdos sobre o mercado financeiro são: a velocidade da informação - que muitas vezes vem até você, sem que você, necessariamente, procure por ela - e a pessoa saber q existe a bolsa como opção de investimento e formação de patrimônio.

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Por outro lado, a falta de informação no que é passado adiante pode se tornar um problema, de acordo com o especialista. "Um dos problemas que essa facilidade de acesso pode trazer é a pessoa achar - por influência de outro - que a bolsa proporciona ganho rápido de dinheiro e que ela vai ficar rica de um dia para o outro", afirmou Lima. De acordo com o analista, um dos maiores erros do investidor novato e desinformado é acabar encarando o mercado de ações como um cassino.

Novos investidores da bolsa de valores têm foco no longo prazo

O perfil dos investidores também tem mudado. Das 1371 pessoas entrevistadas pela B3, menos de 5%, em média, com dinheiro investido em renda variável, realizam operações de day trade (compra e venda de ações de uma mesma companhia no mesmo dia). A maioria das pessoas já estão entrando na bolsa com o pensamento de investir a longo prazo.

Apesar da facilidade de encontrar informações sobre o mercado financeiro hoje em dia, a especialista em fundos da EXAME, Juliana Machado, salienta que é importante que o investidor sempre dê o segundo passo e procure estudar sobre o mercado e sobre economia, para poder entender mais a fundo os seus investimentos. "Acho que existe uma questão do teto; até onde essas abordagens podem chegar quando você vai tratar de determinados produtos? Porque quando a gente fala de economia, por exemplo, em determinado momento você precisa entrar em alguns aspectos técnicos que são importantes e não tem como a pessoa compreender aquilo na profundidade se ela não estudar, se ela realmente não parar um pouco para se dedicar, para ler e compreender um pouco mais a fundo aquilo que ela eventualmente viu a partir de um influenciador", disse Machado.

Quando pesquisamos sobre a bolsa de valores no YouTube, por exemplo, diversos vídeos com diferentes influenciadores e temas aparecem na página. O que é interessante, tanto no site de vídeos, quanto no Instagram ou outras plataformas, é que cada influenciador possui um foco diferente. Alguns são mais lúdicos, procurando fazer algo para um público mais leigo, outros já passam conteúdos mais complexos sobre operações no mercado. "Acho que tem espaço para essas duas coisas no mercado. Entretanto um dos problemas é que nem todos os influenciadores tem capacitação profissional na área, que é importante também no fim das contas", destacou Machado.

Não podemos prever o movimento e a entrada de pessoas na bolsa de valores, mas quanto mais informações e mais pessoas entrando, a tendência é de crescimento do mercado, segundo os especialistas da EXAME. "Acho esse movimento bom sim para o mercado. Eu acredito que no fim do dia o saldo é muito positivo, porque quando você tem mais pessoas falando, mais pessoas disputando a atenção da audiência, mais pessoas conversando sobre isso em redes sociais ou falando entre si com familiares e com amigos, isso traz assim mais interesse, mais gente para dentro do mercado financeiro que no fim das contas", concluiu Machado.

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