A ausência de garantia do FGC nos fundos de crédito privado torna essencial a análise da qualidade dos emissores (Anyaberkut/Getty Images)
Publicado em 27 de fevereiro de 2025 às 20h16.
Os fundos de crédito privado são uma alternativa para investidores que querem diversificar a renda fixa e buscar rentabilidade maior do que a de produtos tradicionais, como fundos DI e o próprio Tesouro Selic. Eles aplicam em títulos de dívida emitidos por empresas que precisam captar recursos para financiar operações e projetos.
No entanto, essa estratégia envolve riscos que não existem nos títulos públicos, como a possibilidade de calote das empresas emissoras e a falta de garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos). Por isso, antes de investir, é importante entender como esses fundos funcionam e para quem são indicados.
Quando uma empresa precisa levantar dinheiro para expansão, pagamento de dívidas ou outras finalidades, ela pode recorrer ao mercado financeiro em vez de buscar um empréstimo bancário. Para isso, emite títulos de dívida, que são adquiridos por investidores que recebem juros como retorno.
Os fundos de crédito privado reúnem diversos investidores e aplicam em uma carteira desses ativos, que podem incluir:
Esses produtos oferecem taxas de juros mais altas do que os títulos públicos, já que o risco envolvido também é maior.
Ao contrário do Tesouro Selic, que é garantido pelo governo, os fundos de crédito privado não têm cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Créditos). Isso significa que, se uma empresa não honrar seus pagamentos, os investidores podem ter prejuízo. Os principais riscos são:
Para reduzir esses riscos, gestoras profissionais escolhem ativos de empresas com boa solidez financeira e diversificam a carteira do fundo.
A rentabilidade dos fundos de crédito privado costuma ser maior que a dos fundos DI e do Tesouro Selic, pois os papéis privados oferecem prêmios de risco mais elevados. Muitos fundos superam o CDI ao longo do tempo, mas podem ter períodos de oscilações negativas.
A liquidez é outro ponto importante: ao contrário dos fundos DI, que permitem saques rápidos (D+0 ou D+1), os fundos de crédito privado costumam ter prazos de resgate D+15, D+30 ou mais, pois os títulos precisam ser vendidos no mercado.
Isso significa que o investidor deve avaliar se pode deixar o dinheiro investido por um período maior antes de precisar do resgate.
Os fundos de crédito privado seguem a tabela regressiva do Imposto de Renda sobre os rendimentos:
Além disso, há a cobrança do come-cotas, um adiantamento do IR que ocorre a cada seis meses (maio e novembro), diminuindo a quantidade de cotas do investidor no fundo.
Os fundos DI e os fundos de crédito privado são ambos de renda fixa, mas têm estratégias diferentes. Enquanto os fundos DI aplicam principalmente em títulos públicos e papéis que seguem o CDI, os fundos de crédito privado investem em títulos de empresas, assumindo mais risco.
Os fundos DI oferecem baixa volatilidade e alta liquidez, sendo recomendados para investidores conservadores e para reservas de emergência. Já os fundos de crédito privado podem gerar rentabilidade superior ao CDI, mas exigem um horizonte de investimento mais longo e tolerância a oscilações no curto prazo.
Em resumo, os fundos DI são mais seguros e indicados para curto prazo, enquanto os fundos de crédito privado são uma opção para diversificação da renda fixa e ganhos maiores no longo prazo.
Os fundos de crédito privado são uma boa alternativa para investidores de perfil moderado ou arrojado que desejam diversificar a carteira e buscar retornos acima do CDI. No entanto, eles exigem análise cuidadosa da gestão do fundo, da liquidez e dos riscos envolvidos. Para quem precisa de liquidez imediata e segurança, os fundos DI ou o Tesouro Selic continuam sendo opções mais adequadas.