(Bloomberg/Bloomberg)
Redação Exame
Publicado em 25 de janeiro de 2024 às 09h27.
Dentro do mercado financeiro existem alguns players, sendo um deles as gestoras de ativos. É nessa categoria que a BlackRock se enquadra, sendo a maior gestora de recursos do planeta.
Fundada por Larry Fink e mais alguns sócios, a gestora tem, até mesmo, forte ligação com o Governo dos Estados Unidos, auxiliando o FED em momentos de crise e socorrendo a economia americana.
A maior e mais conhecida do mundo, a BlackRock é uma gestora de ativos responsável pelo gerenciamento das maiores fortunas do mundo.
Sua principal atuação é por meio dos chamados ETFs, que são os fundos de índices negociados em bolsa de valores que replicam, de forma passiva, alguns ativos do mercado, como o Ibovespa, o S&P500, entre outros.
Por conta de seu tamanho e influência no mercado, a BlackRock ajudou até mesmo o governo norte-americano quando a bolha das hipotecas, que ficou conhecida como crise do subprime, estourou nos EUA.
Atualmente, quase a totalidade dos recursos sob gestão são de investidores institucionais e fundos de pensão espalhados por todo o mundo.
O surgimento da BlackRock demanda um pouco de história, uma vez que ela foi criada em um contexto de “separação” de sócios de uma outra empresa.
Nesse sentido, o seu atual CEO e um dos fundadores da BlackRock, Larry Fink, passava por dificuldades em sua carreira, oriundos de um erro na mensuração de risco de uma operação que causou uma perda de US$ 100 milhões para o banco First Boston, em 1986.
Após o ocorrido, no ano de 1988, Fink tentando recomeçar e retomar a sua credibilidade no mercado se juntou a Stephen Schwarzman e criou a BlackStone Financial Management, que já era uma gestora de ativos.
A parceria foi um grande sucesso, já que em pouco tempo, após começarem com US$ 5 milhões, eles alcançaram um patrimônio sob gestão de US$ 20 bilhões.
Entretanto, em virtude de posições contrárias e objetivos também diversos, Larry Fink decidiu encerrar a sociedade e buscar por novos sócios. Dessa maneira, em 1994 foi criada BlackRock Inc.
Que Larry Fink era daqueles pontos fora da curva, todos sabiam, pois em pouco tempo, dentro do banco First Boston, chegou a ser diretor administrativo e, muito além disso, foi até mesmo cotado para presidência da instituição.
Porém, como você ficou sabendo, por conta de um erro no momento de mensurar os riscos de uma operação, Fink perdeu muito dinheiro e foi demitido.
Apesar de toda a situação, esse erro fez com que ele prestasse muito mais atenção nos riscos das operações e isso, alinhado à sua forma totalmente diferente de ver o mercado, conseguiu reconquistar a confiança do mercado e alcançar excelentes resultados.
Com o crescimento forte da gestora, apenas 5 anos após sua fundação, ela abriu capital dentro da Bolsa de Valores em uma operação que captou US$ 375 milhões.
Alguns anos depois, mais especificamente no ano de 2006, a gestora realizou um processo de fusão com o Merrill Lynch.
Até aqui, a BlackRock já despontava como uma das maiores e mais influentes gestoras de ativos de Wall Street, porém o seu domínio viria alguns anos depois, com o estouro da bolha do subprime.
O ano era 2008 e, após anos de liberação de crédito via hipotecas com alto risco, ocorreu uma das maiores e mais fortes crises financeiras do planeta, a bolha imobiliária.
Por conta da proximidade, afinidade e parceria que Fink tinha com o governo americano, já que conhecia grande parte dos executivos que estavam dentro do Federal Reserve, a BlackRock literalmente ajudou o governo a tirar o país da crise.
Assim, o primeiro apoio que Fink prestou ao governo dos Estados Unidos foi a análise da carteira de crédito do Bear Stearns, que permitiu que a gestora fizesse um contrato até mesmo com a AIG para realizar a mesma análise.
Nesse cenário de crise, o FED ainda solicitou mais alguns trabalhos a empresa de Larry, que teve em sua rotina uma montanha de recebimentos de créditos ruins para análise.
Além da análise dos créditos, a gestora ainda recebeu a carteira de créditos do Citigroup, adquiriu a Barclays Global Investors e auxiliou o governo dos EUA a socorrer as instituições financeiras.
Após a aquisição da Barclays Global Investors, a BlackRock se tornou a maior gestora de ativos do mundo e cresceu ainda mais no mercado, chegando, atualmente, a gerir mais de US$ 10 trilhões.
Importante lembrar, que mais recentemente, durante a crise sanitária de 2020 mais uma vez a gestora foi chamada pelo Federal Reserve e auxiliou na análise das carteiras do Silicon Valley e do Signature Bank quando ambos “quebraram”.
Toda a sua história, parcerias e gestão assertiva dos negócios fizeram a BlackRock chegar onde está hoje, sendo responsável por grande parte dos recursos que estão no mercado e, muito além disso, sendo sócia das maiores empresa do mundo com poder de atuação.
A gestora, que passou por duas grandes crises, uma financeira e outra sanitária, que ocasionou reflexos financeiros em todo o mundo, agora se molda para as maiores tendências do mercado: ESG e criptomoedas.
Em relação às criptomoedas, após a provação dos ETFs, a gestora comprou cerca de R$ 2,5 bilhões de reais em Bitcoin para formar o seu Fundo de Índice atrelado à moeda digital.
Já no que diz respeito à pauta ESG, a gestora apresentou dois momentos distintos.
O primeiro deles foi em 2020, na carta elaborada por Fink aos investidores, onde defendeu os princípios do ESG e o segundo, em 2023, quando o mercado descobriu que nem 25% dos fundos de investimentos enfatizaram que a sustentabilidade não era sua prioridade.
No momento da divulgação da carta, Fink foi apoiado por grandes nomes do mercado, como o JP Morgan e a Fidelity, que também consideravam essencial a busca por lucros, mas com um propósito.
Entretanto, com o estudo do banco HSBC em 2023 apontando que os fundos não estavam tão preocupados com as questões ESG, a BlackRock sofreu diversos ataques, não só do mercado, mas também de políticos.
Todo o burburinho causado pela pesquisa e pelos ataques fez com que a gestora perdesse cerca de US$ 4 bilhões e Larry Fink decidiu adotar uma posição neutra, pois percebeu que o assunto estava se tornando muito mais uma forma de fazer política.
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