Luiz Constantino, CIO (head de investimentos) e um dos sócios-fundadores da Ryo Asset (Ryo Asset/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2021 às 17h48.
Última atualização em 11 de maio de 2021 às 18h01.
Por Juliana Machado*
Uma das maiores premissas para o sucesso de uma gestora de recursos é ter uma equipe diversa o suficiente para fazer a casa pensar e coesa o suficiente para dar consistência e visão de longo prazo ao negócio. Foi com essa premissa que um time de profissionais do tradicional Opportunity decidiu se juntar sob uma nova bandeira, a Ryo Asset, cuja estreia da cota 1 ocorreu justamente nesta terça-feira, 11 de maio.
Embora nova e, portanto, sem histórico disponível para seus fundos, a Ryo Asset já nasce madura. Ao todo, são 14 pessoas no time, das quais metade é egressa da gestora fundada em 1994 por Daniel Dantas, Veronica Dantas e Dorio Ferman.
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A liderança está nas mãos de Luiz Constantino, que ficou na antiga casa por 16 anos, nos cuidados das estratégias do Opportunity Selection e do Opportunity Long Biased. Para a equipe da Ryo, Constantino trouxe “apenas” todos os seus analistas: Milton Baggio (energia elétrica e varejo); Renato Antunes (financeiro, mineração, siderurgia e celulose); Renata Baião (shoppings, vestuário e educação); Samir Moreira (saúde, telecom/tech e imobiliário); Oswald Souza (petróleo e bens de capital); e Samuel Dias (saneamento e proteínas).
“Parte fundamental do negócio é o alinhamento para longo prazo na Ryo. As pessoas precisam se sentir parte do que estamos construindo, por isso adotamos o modelo de partnership [sociedade] e fluido. A ideia é todo mundo ter espaço para crescer na sociedade”, afirma Constantino. “Enquanto ainda estamos crescendo, a distribuição de dividendos será inclusive parecida para os sócios maiores não terem peso maior. À medida que a asset for crescendo, isso vai convergindo.”
A Ryo chega aos poucos às principais plataformas do país com dois fundos para investidores em geral, chamados de Ryo Selection e Ryo Long Biased. Os produtos funcionam como extensões das estratégias bem-sucedidas tocadas por Constantino no Opportunity. Criado em 2011, o Opportunity Selection acumulou retorno de 176,2% até o dia 6 de maio de 2021, contra 73,7% do Ibovespa no intervalo. Já no caso do Opportunity Long Biased, o retorno foi de 189,01% desde 2013, quando foi lançado, contra 86,3% do CDI no período.
Assim, no caso do Ryo Selection, a ideia é que o fundo permaneça “comprado” entre 90% a 100% do patrimônio em ações, escolhidas a partir de um rigoroso processo de análise de fatores individuais de cada companhia, seguido da observação dos potenciais impactos da frente macro. O foco são companhias brasileiras, o que eventualmente inclui as que são negociadas fora do Brasil ou empresas cujo mercado depende significativamente do nosso. O benchmark usado para referência do fundo é o Ibovespa.
Já o Ryo Long Biased vai se valer da flexibilidade da sua estrutura para ter uma exposição líquida menor na bolsa, se as perspectivas forem negativas. O produto vai replicar a carteira de ações, mas poderá ficar “vendido”, ou seja, utilizar instrumentos para ganhar com a queda dos ativos. O movimento pode ser feito via contratos de aluguel de índice ou via posições direcionais, em ações de empresas que tenham custo de aluguel baixo e permitam diversificar esse tipo de posição.
Como um produto multimercado que opera com concentração em renda variável, a Ryo oferece nesse fundo a estrutura tributária de ações e opta por outro benchmark em vez do CDI: a inflação medida pelo IPCA, mais o yield (prêmio) do IMA-B (índice da Anbima que mede o retorno das NTN-Bs, ou Tesouro IPCA).
A gestora já mapeou, até o momento, uma entrada de recursos entre 700 milhões a 800 milhões de reais em até dois meses após a cota 1 e deve trabalhar com um primeiro teto de 2 bilhões de reais, considerando todos os fundos em conjunto – é o chamado capacity da gestora.
“Tocávamos uma estratégia de quase 5 bilhões de reais no Opportunity. A gente entende que nosso capacity é maior, mas essa é a empresa das nossas vidas, não queremos crescer rápido demais”, afirma Constantino. “Nesse patamar [2 bilhões de reais], vamos fechar [para novas captações] para não concentrar nosso passivo numa janela curta de captação. A partir daí, é garantir a satisfação dos nossos cotistas para, depois de um tempo, reabrir os fundos em um processo saudável.”
*Juliana Machado é jornalista e especialista em fundos da EXAME Invest Pro, a casa de análise e recomendação de investimentos da EXAME.