B3: com alta de juros nos EUA, há maior demanda por títulos de curto prazo do tesouro americano e dívidas de empresas com ratings maiores (Patricia Monteiro/Bloomberg via/Getty Images)
Marília Almeida
Publicado em 22 de junho de 2022 às 06h00.
Pequenos investidores já podem comprar cotas de ETFs de títulos do tesouro americano e dívidas de empresas americanas na B3.
Os oito primeiros fundos do tipo foram lançados pelo Banco B3 em parceria com a gestora global BlackRock, com a marca iShares. Antes, eles estavam disponíveis apenas para o investidor qualificado - pessoa física ou jurídica com investimentos de mais de R$ 1 milhão.
Veja abaixo a lista completa dos BDRs de ETFs de renda fixa que passam a ser acessíveis ao cliente pessoa física.
iShares US Treasury Bond ETF - BGOV39
iShares iBoxx $ High Yield Corporate Bond ETF - BHYG39
iShares 7-10 Year Treasury Bond ETF - BIYT39
iShares 3-7 Year Treasury Bond ETF - BIEI39
iShares iBoxx $ Investment Grade Corporate Bond ETF - BLQD39
iShares Short Treasury Bond ETF - BSHV39
iShares 1-3 Year Treasury Bond ETF - BSHY39
iShares 20+ Year Treasury Bond ET - BTLT39
Por meio da aquisição de uma cota o ETF garante exposição a todos os ativos que compõem a cesta de seu índice de referência. Dessa forma, faz com que o risco individual de cada ativo se dilua na carteira.
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Como é um fundo passivo, que segue o desempenho de um índice, o ETF cobra uma taxa de administração menor do que a de fundos tradicionais, e também mais baixa do que a que seria cobrada cado decidisse comprar todos os ativos de forma avulsa.
O lançamento de seis ETFs de títulos do tesouro americano em conjunto tem como objetivo oferecer oportunidades ao investidor para se expor a toda a curva de juros americanos, se assim desejar.
O iShares US Treasury Bond ETF (BGOV39) é o mais diversificado e permite, com uma única cota, exposição a títulos de curto, médio e longo prazo. Já o restante se dividem entre ETFs que concentram títulos de curto prazo (1 a 3 anos), médio prazo (3 a 10 anos) e longo prazo (mais de 20 anos).
Já os ETFs de dívida das empresas se dividem entre aqueles que investem em empresas com bom rating, o iShares iBoxx $ Investment Grade Corporate Bond ETF (BLQD39) e o que investe em empresas que pagam retornos mais altos (high yield), o iShares iBoxx $ High Yield Corporate Bond ETF - BHYG39. Ambos os índices são pulverizados, e acompanham o desempenho de cerca de 50 títulos.
Os novos ETFs são opções para diversificar a carteira de investimentos. Mas seu lançamento acontece em um momento de alta volatilidade dos ativos.
O mercado antecipou a alta dos juros nos Estados Unidos, e os títulos do tesouro dos Estados Unidos já caíram mais de 23% desde o início do ano -- em comparação, as ações negociadas em Bolsa perderam 20% de seus valores em meio à volatilidade do mercado no mesmo período, aponta o analista Guilherme Zanin, da corretora Avenue.
Como resultado, os rendimentos dos títulos de renda fixa aumentaram nos últimos meses -- e as perdas por marcação a mercado no curto prazo em títulos públicos e privados sofreu forte queda,
Apesar da volatilidade recente, o especialista acredita que haverá uma tendência de estabilização dos ativos nos próximos meses. “O investidor brasileiro que busca renda em dólar pode conseguir taxas melhores e rendimentos maiores agora, após a maior alta de juros nos Estados Unidos desde 1994.”
Zanin ressalta que há diferenças entre investir no tesouro americano e no brasileiro. “Lá fora a maioria dos ativos são prefixados, enquanto no Brasil são pós-fixados. Mas a cada seis meses é possível obter rendimentos em dólar.
Quando os juros americanos sobem, há um maior apetite por títulos de curto prazo e dívida de empresas com bom rating, complementa Salamonde, da BlackRock. "Como os ETFs de treasuries de curto prazo sofrem menos interferência de movimentos na alta dos juros, o efeito de sua variação cambial acaba se sobressaindo. Consequentemente, eles podem ser um bom instrumento para ter um caixa remunerado em dólar".
Paula Salamonde, diretora da BlackRock, aponta que o mercado de ETFs de renda fixa no mundo já é composto por 1.400 produtos e atingiu 1,7 trilhão de dólares sob gestão.
Nos últimos anos, contudo, vem crescendo de forma mais acelerada, a taxas de 23% ao ano. "O ETF se mostrou um instrumento eficiente, pois na eclosão da pandemia conseguiu trazer liquidez para um mercado que estava sem nenhuma.
Portanto, completa a executiva, o lançamento dos primeiros produtos no país também é benéfico para o mercado brasileiro, que já vivenciou problemas de liquidez em fundos de renda fixa durante crises".
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Dos 124 ETFs internacionais listados na B3, 70 estão disponíveis para o pequeno investidor, número somente um pouco menor do que o de ETFs nacionais, que somam 78 produtos. Apenas a BlackRock tem 82 ETFs listados na bolsa de valores, entre nacionais e internacionais.
Do estoque de negócios realizados com ETFs no país (R$ 41 bilhões), 1/5 (R$ 9 bilhões) está nas mãos de investidores pessoas físicas. Neste ano, pessoas físicas representaram 12,9% do volume diário de negociação.