Invest

Diversificação externa minimiza riscos e amplia oportunidades de retornos

Uma orientação que vale para qualquer perfil de investidor é a destinação de pelo menos parte dos recursos para ativos sustentáveis, e a oferta é maior no exterior

'A transição para uma economia de baixo carbono está ocorrendo e tem um impacto crescente nos investimentos' (Getty Images/Getty Images)

'A transição para uma economia de baixo carbono está ocorrendo e tem um impacto crescente nos investimentos' (Getty Images/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2022 às 07h12.

Por Karina Saade*

Uma carteira de investimentos muito concentrada é vulnerável. A diversificação minimiza o risco de perdas, pois o mau desempenho de um papel pode ser compensado pela boa performance de outro. É também uma forma de ampliar oportunidades de ganhos. Por que investir em apenas uma tese potencialmente vencedora quando você pode dividir seus recursos em várias?

Um portfólio repartido em diferentes produtos merece ainda diversificação geográfica. Se tudo estiver alocado em um único mercado, haverá uma boa dose de risco. Os ativos de um país são correlacionados e estão sujeitos às mesmas crises. Investir parte do patrimônio no exterior melhora a relação de risco e retorno em médio e longo prazos.

No Brasil, a exposição a investimentos e moedas estrangeiras ainda é restrita em comparação com outros países. Para dar uma ideia, os fundos de pensão brasileiros têm apenas 1,5% de suas carteiras alocadas no exterior, ao passo que em outros mercados da América Latina, como México, Colômbia, Chile e Peru, a fatia chega a 34,6%.

Por aqui, as altas taxas de juros e os retornos de aplicações em renda fixa por muito tempo inibiram a procura por produtos em mercados internacionais. Afinal, por qual o razão o investidor colocaria seu dinheiro em mercados desconhecidos se ele conseguia ter ganhos em casa? É natural que as pessoas deixem para pensar no exterior só depois de constituir uma carteira doméstica, em um mercado que fala sua língua.

Mas isso começou a mudar quando a Selic caiu para seu patamar mais baixo, entre 2020 e 2021. Os investimentos em renda fixa passaram a perder até para a inflação. Paralelamente, a disponibilidade de produtos com exposição externa aumentou significativamente. Hoje é possível investir no exterior sem abrir conta ou mandar dinheiro para fora.

O mundo, claro, oferece um leque de opções muito maior. O investidor tem acesso a uma multiplicidade de mercados, de setores e de moedas, pode aproveitar oportunidades em economias maduras, ou em países emergentes, e alocar recursos em atividades promissoras, mas pouco presentes no Brasil.

A invasão da Ucrânia e as sanções contra a Rússia não invalidam a tese de diversificação internacional. Crises podem demandar calibragens de portfólio, mas não devem causar medo dos investimentos no exterior.

A alocação internacional deve seguir a mesma lógica da doméstica: a do perfil do interessado. Seja conservador, moderado ou arrojado, o investidor pode manter no exterior a linha que adota no Brasil.

Os objetivos têm que estar claros: retorno rápido, porém mais arriscado; horizonte de longo prazo, mas com menos sobressaltos; ou algo no meio do caminho. Levantar dinheiro para comprar uma casa em dois anos, ou formar reserva para a aposentadoria, por exemplo, exigem estratégias distintas.

Uma orientação que vale para qualquer perfil de investidor é a destinação de pelo menos parte dos recursos para ativos sustentáveis. Ou seja, que estejam lastreados em negócios ou projetos compromissados com boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês).

A transição para uma economia de baixo carbono está ocorrendo e tem um impacto crescente nos investimentos. Estar interessado em sustentabilidade não significa ter menos retorno, pois empresas que se preparam para essa transição tendem a performar melhor. Vale ressaltar que a oferta de produtos ESG no exterior é muito superior à do Brasil. Este é um bom segmento para iniciar sua exploração lá fora.

Mas saiba que não há momento perfeito para começar a investir em ativos estrangeiros, principalmente por causa da volatilidade do câmbio. Não tente adivinhar, faça seus aportes de maneira gradual para minimizar o risco de entrada. Evite alocar tudo de uma só vez!

*Karina Saade é Head da BlackRock no Brasil e colunista da EXAME Invest.

Acompanhe tudo sobre:AçõesBlackRockDiversificaçãoInflaçãorenda-fixa

Mais de Invest

Como negociar no After Market da B3

Casas Bahia reduz prejuízo e eleva margens, mas vendas seguem fracas; CEO está confiante na retomada

Tencent aumenta lucro em 47% no 3º trimestre com forte desempenho em jogos e publicidade

Ações da Americanas dobram de preço após lucro extraordinário com a reestruturação da dívida