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Crédito para alavancar o crescimento

O Brasil segue em movimento, porém aquém do que desejamos. Mudar esse estado dependerá da aplicação de forças que estimulem um avanço maior

Empreendedores e outros produtores que movem o país, do agronegócio ao mercado imobiliário, precisam de crédito para continuar a crescer (Getty Images/Getty Images)

Empreendedores e outros produtores que movem o país, do agronegócio ao mercado imobiliário, precisam de crédito para continuar a crescer (Getty Images/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 22 de abril de 2022 às 09h30.

Por Cláudio Coutinho*

Diz a primeira Lei de Newton que todo corpo seguirá em repouso ou movimento, a não ser que outra força se aplique e mude seu estado. Embora seja um princípio da mecânica, o ensinamento nos permite refletir sobre o desenvolvimento do Brasil. Se quisermos um avanço mais expressivo ou mudança de rumo, temos de exercer estímulos no sentido esperado -- sobretudo neste ambiente de retomada, favorável ao crescimento e no qual o país espera por boas notícias.

Bom exemplo desse conceito está nas instituições financeiras, que fortalecem tais avanços ao estimular segmentos estratégicos. Caso do mercado imobiliário, que, embora incipiente, tem margem para evoluir: no último ano, houve incremento de 12%, chegando a R$ 99 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV).

Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança indicam que os financiamentos somaram R$ 255 bilhões em 2021. Com o aumento dos juros nos últimos meses, muitas famílias que compraram imóveis com referência no IPCA viram as despesas crescerem. Por isso, é essencial que os bancos disponibilizem outras alternativas.

A oferta de crédito com taxas de juros e seguro mais baixas ajudam a manter o ritmo de aquisição de casas e apartamentos, pois o custo efetivo total para o cliente torna-se mais atrativo. Outro viés é o apoio ao trabalho de incorporadoras e empreendedores.

Estimular a conclusão de obras represadas aquece a construção civil e, consequentemente, amplia as oportunidades de emprego e renda. Esse é um setor que movimenta a economia nacional e envolve mais de 2,4 milhões de trabalhadores, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Outro ponto de atenção para as instituições financeiras é o agronegócio. De Norte a Sul, as intempéries aprofundam os desafios dos homens e mulheres do campo. No Rio Grande do Sul -- onde está a base do Banrisul --, entidades rurais calculam perdas de bilhões de reais devido à estiagem, com quebras expressivas de safras de soja e milho. Em Minas Gerais, 127 mil propriedades agrícolas já foram afetadas por temporais.

Importante também esse olhar sobre o agro, em diferentes regiões, porque o setor é tradicionalmente um dos grandes responsáveis pelo bom desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Para muitas culturas, o impacto já é irreversível e isso vai se refletir no mercado. Vivemos, portanto, um momento que exige união, empatia e responsabilidade, em todas as esferas. Apoiar o agronegócio -- que em termos monetários chegou a R$ 2 trilhões no PIB, em 2020 -- é inadiável.

Chegou a hora de alavancar o crescimento, e a oferta de crédito para micro, pequenas e médias empresas também é estratégica. Em linha com um esforço favorável à retomada, o crédito comercial para pessoa jurídica fechou 2021 com R$ 7,216 bilhões em operações, um crescimento de 9,2% em relação a dezembro de 2020 no Banrisul. Esse resultado tem influência das linhas de capital de giro, a partir de programas emergenciais como Pronampe, FGI e FAMPE. O compromisso social com o desenvolvimento da nação é um pilar importante, que definirá o futuro.

O Brasil segue em movimento, porém aquém do que desejamos. Mudar esse estado dependerá da aplicação de forças que estimulem um avanço maior. Quando cada ente -- e aqui incluo os bancos -- participam desse esforço, os resultados são sentidos na economia das cidades, dos estados e do país. Isso se reflete, na prática, em uma vida melhor para as pessoas. Todos almejam um cenário de maior estabilidade e de menor inflação, mas o Brasil precisa mesmo é de um ambiente propício para se reerguer com credibilidade. O caminho é árduo, mas insistir em cada passo é essencial.

*Cláudio Coutinho é presidente do Banrisul.

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