Parisotto (à esquerda) e Barsi: os dois investidores bilionários têm perfis parecidos ao aplicar na bolsa (Germano Lüders/Exame)
Karla Mamona
Publicado em 29 de abril de 2022 às 16h44.
Última atualização em 30 de abril de 2022 às 11h28.
Com mais de 50 anos de experiência no mercado financeiro cada um, Luiz Barsi Filho, 83 anos, e Lírio Parisotto, 68, estão na lista dos maiores investidores pessoa física da bolsa brasileira. Parisotto tem uma fortuna estimada em R$ 11 bilhões, e Barsi, de cerca de R$ 4 bilhões.
Ambos têm um perfil parecido quando se trata de investimento no mercado. Seguem a estratégia buy and hold, que define quem compra uma ação e a mantém na carteira por muito tempo, e buscam investir em empresas que apresentam resultados sólidos e são boas pagadoras de dividendos.
Na noite da última quinta-feira, 28 de abril, eles participaram de uma live realizada pela empresa AGF (Ações Garantem Futuro), fundada por Louise Barsi, analista certificada, conselheira de empresas e filha de Barsi.
Durante a conversa, os bilionários alertaram para a ansiedade típica do investidor pessoa física em ficar rico "do dia para a noite" por meio da negociação em ações. “Não existe hora certa de entrar na bolsa. O segredo é manter a constância. Quem investe de forma constante irá pegar o mercado quando tiver bem e quando não estiver. Acertar na mosca é impossível” afirmou Parisotto.
Parisotto criticou ainda a postura daquele investidor brasileiro que está sempre trocando de investimento na bolsa. Segundo ele, a troca de papéis não é benéfica ao investidor e é vantajosa apenas para a B3 e para as corretoras.
“O Ibovespa negocia em torno de R$ 30 bilhões por dia. Em 20 dias úteis em um mês, a bolsa negocia R$ 600 bilhões. Em dois meses, R$ 1,2 trilhão. O mercado inteiro vale R$ 4 trilhões, e 30% equivalem a cerca de R$ 1,2 trilhão, que é o free float das empresas. O investimento no Brasil é inferior aos dois meses. Então, quem é que sempre ganha? A B3, que sempre tem taxas, e as corretoras. Infelizmente, a cada 60 dias, em média, todas as ações trocam de mão. Você não pode ser feliz com esta necessidade de trocar de posição”, argumentou.
Para Barsi, o comportamento médio do brasileiro ao investir na bolsa de valores é reflexo de uma cultura incentivada ao longo de anos. De acordo com o bilionário, o brasileiro é “um agiota” por excelência. Isso significa, em sua visão, que ele foi incentivado durante anos a emprestar dinheiro, primeiro por meio de aplicações na caderneta de poupança e, agora, por meio do investimentos em ações.
“Venho sugerindo mecanismos que possam redirecionar a poupança para a geração de riqueza. Quando você faz isso, haverá geração de empregos e de riqueza para o país.”
Barsi defendeu que haja uma mudança de postura, para que o investidor tenha em mente a busca por empresas sólidas e perenes. “O segredo é um só: invista em boas empresas. Direcione os seus recursos para empresas que paguem bons dividendos. Com a visão de ser um parceiro da empresa.”
Em relação à sua carteira de investimentos, Parisotto afirmou que investe no máximo em 12 ações. “Eu falo em 12 ações, porque não tenho personalidade para investir em uma só. Me falta personalidade”, brincou. A estratégia de ser focada em poucas ações acontece porque, segundo ele, no decorrer do ano, o bom desempenho da carteira vem de duas ou três empresas no máximo. “Elas carregam o resultado da carteira.”
Ele disse ainda que não existe “dica quente do mercado” e que o trabalho deve ser do investidor, que deve saber avaliar o cenário e, principalmente, o balanço das companhias.
Para quem está pensando em começar a investir, a orientação do bilionário foi “escolher duas companhias do elétricas, siderúrgicas, setor de petróleo, mineradora e bancos: Taesa (TAEE11), Copel (CPLE6) e Gerdau (GGBR4). São excelentes empresas.” Parisotto chamou a atenção ainda para Vale (VALE3) e a Petrobras (PETR4), que distribuíram, juntas, R$ 160 bilhões em dividendos no ano passado.“São empresas com histórico e solidez. Empresas para casar.”
Barsi reforçou, assim como Parisotto, que prefere a concentração de papéis em um portfólio em vez da diversificação. E que sua estratégia foi sempre reinvestir os dividendos ao longo do ano. Por fim, ele disse que segue analisando novos projetos no mercado. Durante a live, destacou duas companhias, a Auren Energia (AURE3), ex-Cesp, e a Vibra Energia (VBBR3). Segundo ele, são projetos interessantes. Veja a live completa abaixo: