(DircinhaSW/Getty Images)
Marília Almeida
Publicado em 29 de novembro de 2021 às 17h30.
Última atualização em 30 de novembro de 2021 às 16h28.
Nesta terça-feira, 30, será paga a primeira parcela do 13º salário. Antes de pensar em gastar o dinheiro a mais em compras do final do ano, especialistas recomendam aproveitar ao máximo para começar a poupar ou reforçar a reserva financeira.
A recomendação unânime é se concentrar em investimentos de renda fixa. Isso porque a Selic, deve continuar a subir até março do ano que vem. Segundo a previsão do BTG Digital, a taxa básica de juros deve chegar a 11,75%. "Nesse cenário, muito ativos atrelados à taxa de juros ficam atrativos para compra", diz Arthur Mota, economista do banco de investimentos.
Além disso, em um cenário pré-eleitoral os políticos costumam falar sobre aumento de gastos, um tema sensível para o mercado financeiro. Isso trará insegurança em 2022, diz Marília Fontes, analista da Nord Research. "Não é a hora de tomar muito risco. O investidor deve preferir ter mais segurança e liquidez, que pode encontrar na renda fixa".
Veja abaixo os tipos de investimentos recomendados para aplicar o 13º salário. É possível investir nos ativos recomendados com um valor baixo.
Ainda não tem uma reserva de emergência, equivalente a três ou seis salários? Então não há muita opções. O destino certo para esses recursos, que podem precisar ser resgatados no caso de emergência, é o Tesouro Selic ou fundos com tava zero que investem nesses títulos do Tesouro.
A aplicação mais segura para compor a carteira agora são os títulos de renda fixa pós-fixados. Geralmente vistos como caixa para a reserva de emergência, com a alta da Selic essas aplicações passam a oferecer retornos atrativos também, diz Mota, do BTG Digital.
Para investidores conservadores, o economista recomenda que 70% da carteira de investimentos seja aplicada nesses ativos. No caso de investidores moderados, esse porcentual cai para 40% e, para o sofisticado, deve corresponder a 25% dos ativos.
Em um cenário no qual a previsão é de que a inflação encerre o ano a 10%, também é aconselhável ter uma proteção contra a alta de preços na carteira. Os títulos Tesouro IPCA desempenham essa função, diz Mota. "A perspectiva é de que a inflação para o ano que vem diminua, mas ainda chegue perto de 5%, com viés de alta. Portanto, ainda é um risco elevado que deve ser considerado pelo investidor".
Para investidores conservadores, a recomendação do BTG Digital é ter 10% do portfólio alocado nesse ativo, pois costumam ter uma volatilidade maior. Para o investidor moderado, a alocação nesses ativos sobe para 19% e, para o sofisticado, 16%.
Títulos bancários, Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) também podem ser boas opções para aplicar o dinheiro.
A recomendação é preferir títulos de curto prazo, com vencimento até janeiro de 2023, diz Fontes, da Nord. "Investindo até o limite da eleição, após o resultado será possível migrar o investimento em um cenário mais claro para os próximos anos".
Agora, títulos de curto prazo estão oferecendo boas taxas, em torno de 12%, ressalta a analista. "Títulos de crédito oferecem taxas de quase 12,5%".
Apesar da maior parte dos fundos multimercados ter um pé maior na renda fixa, eles também têm capacidade de exposição ao exterior. Por isso, também são recomendados por Mota, do BTG Digital.
O ambiente para os ativos em 2022 é mais positivo do que foi 2021, no qual os fundos registraram amplas quedas, diz Mota, do BTG. "Há uma reabertura intensa da economia, apesar do nível de incerteza em relação à nova variante do coronavírus. Como os fundos são sensíveis a esse cenário e estão muito descontados, acreditamos que é hora de comprá-los, esperando um cenário mais favorável em 2023".
A recomendação do economista é que o investidor conservador coloque 2,5% do valor de sua carteira em fundos imobiliários. O porcentual sobe para 5% entre os moderados e 7,5% entre os sofisticados.
Para quem topa correr mais riscos, surfar o ciclo de alta das empresas de commodities, tanto agrícolas como o petróleo, é uma estratégia atrativa, sugere Mota. A alocação pode ser feita tanto por meio da compra direta de ações como via fundos.
Fontes, da Nord, alerta ao investidor que evite a corrida às ações que ficaram baratas por conta de um cenário macroeconômico mais desafiador. "Além de estar barato o negócio precisa estar crescendo e ser mais defensivo. Caso o Fed resolva aumentar os juros no ano que vem, haverá saída de capital dos Estados Unidos, o que terá impacto também na bolsa brasileira".
No curto prazo, dado os desafios do cenário brasileiro, é recomendável ter uma porção do portfólio de renda variável lá fora, diz o economista do BTG Digital.
O porcentual de ativos alocados na renda variável não deve ultrapassar 8,5% no caso do conservador, que deve ter 6% em ativos brasileiros e 2,5% em ativos internacionais. Para o investidor moderado, o recomendado é ter 18% da carteira em renda variável (12% no Brasil e 6% no exterior). Já o sofisticado deve ter 27% da carteira na renda variável (17% no Brasil e 10% no exterior).
Para o BTG Digital, os Estados Unidos devem ser o foco dos investimentos lá fora. "As empresas são de qualidade e o mercado é eficiente. Por mais que já tenha acontecido um rali nas bolsas americanas (apenas nesse ano o índice S&P 500 subiu 25%), acreditamos que o mercado americano ainda pode surpreender positivamente. Contudo, será mais provável um retorno de um dígito".
Para William Eid, professor de finanças da FGV, a China também pode ser uma boa aposta, via ETFs temáticos. "O crescimento chinês será menor? Sim, mas ao invés de 7% será de 6%. Ou seja, continuará atrativo".
Geralmente a necessidade de investir é mais veemente quando há um fluxo de dinheiro adicional, como é o caso do 13º salário. Contudo, Mota, do BTG Digital, alerta sobre a necessidade de se criar uma cultura de poupança ao longo de todo o ano.
Ela deve ser composta por aportes e alocações recorrentes, sejam mensais ou trimestrais. "Com aportes recorrentes é possível ampliar o efeito dos juros compostos. Além disso, ajustes periódicos são necessários para rebalancear a carteira caso o cenário econômico mude, independente do perfil de risco. Essa ação estabiliza a carteira, o que diminui o risco de ter um portfólio muito negativo, que leve o investidor a tomar más decisões ".
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