Rob Stringer: chefe da divisão musical da Sony (Justin Sullivan/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 2 de abril de 2024 às 09h02.
Última atualização em 9 de abril de 2024 às 16h18.
Se hoje o algoritmo do seu streaming de música, seja ele qual for, acaba por oferecer as mesmas músicas que oferece ao seu amigo de gostos similares, é por que as gravadoras entenderam um fator importante nessa dinâmica: apps são importantes para a música.
Em um encontro no Dean Street Townhouse, restaurante aberto pelo fundador da Soho House, Nick Jones, Rob Stringer, chefe da divisão musical da Sony, compartilhou ao jornal inglês Financial Times o que garante a plena expansão da indústria musical e a dinâmica acertada entre apps de músicas, de redes sociais e IA e artistas.
Sob sua liderança, a Sony Music tem desfrutado de um período lucrativo, impulsionado por artistas como Harry Styles, Adele, Beyoncé e sucessos licenciados, como "Running Up That Hill" de Kate Bush, ressurgido pela série Stranger Things.
O auge atual da indústria é atribuído, sobretudo, ao boom dos serviços de streaming, que segundo Stringer, democratizaram o acesso à música globalmente.
Sobre inteligência artificial (IA), o experiente CEO vê um papel duplo como uma ameaça e uma ferramenta essencial para a criação artística.
Stringer, com quatro décadas na indústria, vê a IA como um dos maiores desafios atuais, especialmente com o aumento do uso não autorizado de músicas protegidas por direitos autorais.
A tensão entre as gravadoras e plataformas como o TikTok, sobre o uso de músicas e a compensação justa aos artistas, é um ponto crítico.
Ainda assim, Stringer demonstra um otimismo cauteloso quanto ao futuro, enfatizando a necessidade de equilibrar as necessidades comerciais com o respeito à criatividade artística.
Sua jornada na Sony é marcada por desafios e conquistas, desde a adaptação aos declínios das vendas de CDs e a ascensão da pirataria online, até a fusão com a BMG, que, apesar das dificuldades iniciais, foi vista como necessária para fortalecer a posição da empresa no mercado.
Stringer diz ao FT ser um apaixonado pela música e ferrenho em seu compromisso em apoiar os artistas ressoam em sua abordagem à liderança, equilibrando a busca por sucessos comerciais com o apoio ao desenvolvimento artístico.
Ele destaca a importância da inovação tecnológica, como o streaming, que revitalizou o catálogo da Sony, permitindo que novas gerações descubram músicas de décadas passadas.
A relação com o TikTok, especialmente no que diz respeito à compensação dos artistas, é complexa. Enquanto a plataforma é vista como um meio promocional significativo, Stringer defende uma divisão de lucros mais justa, refletindo sobre possíveis ações semelhantes às da Universal Music Group, que retirou suas músicas do TikTok devido a desacordos de licenciamento.
Ao mesmo tempo, Stringer expressa preocupações sobre a propriedade dos direitos musicais por grupos de investimento, questionando se esses grupos podem realmente valorizar a música e cuidar dos artistas da mesma forma que uma gravadora especializada.