Inteligência Artificial

O futuro da produtividade pessoal na visão da Microsoft

Steve Clayton, vice-presidente de estratégia de comunicações da Microsoft, destaca o impacto transformador do Copilot em evento em São Paulo

Steve Clayton e Satya Nadella: líderança da Microsoft aposta todas as fichas nos co-pilotos (Andrew Harrer/Getty Images)

Steve Clayton e Satya Nadella: líderança da Microsoft aposta todas as fichas nos co-pilotos (Andrew Harrer/Getty Images)

Miguel Fernandes
Miguel Fernandes

Chief Artificial Intelligence Officer da Exame

Publicado em 28 de junho de 2024 às 14h21.

Última atualização em 28 de junho de 2024 às 14h22.

“Todo mundo vai ter um assistente artificial”, disse Steve Clayton, vice-presidente de estratégia de comunicações da Microsoft, diretamente a mim, na sede da empresa em São Paulo. A frase, proferida em um encontro enriquecedor junto com a Claudia Goes, diretora de comunicação da Microsoft Brasil, acompanhou um densa explicação sobre a visão que a big tech tem evangelizado em seus principais mercados. Além de conversas com os executivos da maior empresa do mundo, assisti uma palestra para profissionais da área de comunicação, na sede da empresa em São Paulo.

Há quase meio século, a Microsoft apostou em uma ideia revolucionária: o computador pessoal. Uma máquina que, na época, parecia um sonho distante para muitos, mas que Bill Gates e Paul Allen vislumbraram em cada casa e escritório. Essa visão não apenas se concretizou, mas transformou fundamentalmente a maneira como vivemos e trabalhamos.

Hoje, estamos à beira de outra revolução semelhante, e mais uma vez, a Microsoft parece estar na vanguarda. Tive o privilégio de testemunhar isso de perto quando Steve Clayton apresentou a visão da gigante tech para o futuro da IA na comunicação corporativa.

O alienígena chegou

Clayton iniciou sua apresentação com uma analogia poderosa: "Pensem na chegada do ChatGPT como a chegada de uma espécie alienígena." Esta comparação dramática ilustra perfeitamente o impacto disruptivo que a IA generativa está tendo em nossa indústria. "Tivemos apenas uma visita de uma espécie alienígena que faz muito do que nós podemos fazer, podem fazer isso realmente bem e muito, muito rapidamente".

Este "alienígena", como Clayton se referiu à IA, não está aqui para nos substituir, mas para nos capacitar. A Microsoft está desenvolvendo o que eles chamam de "co-pilotos" - assistentes de IA personalizados que trabalharão lado a lado com profissionais de comunicação. Assim como os PCs se tornaram uma extensão de nossas capacidades mentais, estes co-pilotos prometem amplificar nossa criatividade e produtividade de maneiras que apenas começamos a imaginar.

Números que falam por si

Os dados apresentados por Clayton são impressionantes:

  • 86% dos usuários do Copilot (o assistente de IA da Microsoft) dizem que se tornaram mais produtivos.
  • 81% afirmam que o Copilot os ajuda a completar tarefas mais rapidamente.
  • 89% relatam que o Copilot ajuda a iniciar o processo criativo.
  • 78% acreditam que o Copilot melhora a qualidade de seu trabalho.
  • 70% dizem que o Copilot reduz o tempo gasto em tarefas que não gostam.

Estes números não apenas ilustram a eficácia da tecnologia, mas também seu potencial para transformar fundamentalmente a forma como trabalhamos.

O hábito que transforma

Clayton enfatizou a importância de formar um "hábito de IA". Um estudo fascinante mostra que leva cerca de 11 semanas de uso consistente para realmente começar a sentir os benefícios do Copilot. Após esse período, os usuários economizam em média 11 minutos por dia - um ganho significativo de produtividade quando multiplicado por toda uma equipe ou organização.

Superando o medo da página em branco

O que mais me impressionou foram os exemplos práticos e os insights surpreendentes que Clayton compartilhou sobre como a IA está sendo aplicada na comunicação corporativa e além. Um caso particularmente interessante foi sobre o Microsoft Word e o comportamento dos usuários:

"Qual é a coisa que as pessoas, globalmente, mais fazem imediatamente após abrir o Microsoft Word?", Clayton perguntou à plateia.

Após algumas suposições da audiência, ele revelou: "A coisa que o mundo todo faz, imediatamente depois de abrir o Microsoft Word é fechar ele de volta."

Esta revelação ilustra perfeitamente o "medo da página em branco" que muitos profissionais enfrentam e como a IA pode ajudar a superar esse obstáculo. O Copilot pode gerar um primeiro rascunho, fornecendo um ponto de partida que elimina a ansiedade de começar do zero.

Aplicações práticas que impressionam

Clayton demonstrou como o Copilot pode ser usado para uma variedade de tarefas:

1. Criar rapidamente drafts de comunicados de imprensa
2. Gerar ideias para posts em redes sociais
3. Analisar sentimento de textos
4. Preparar executivos para entrevistas com a mídia
5. Resumir longos documentos ou transcrições de reuniões

"Isso mudou a forma como eu trabalho", disse Clayton, mostrando como ele agora usa um monitor em modo retrato dedicado à leitura com o Copilot sempre aberto ao lado.

O futuro da medição e relatórios

Um aspecto particularmente interessante foi a discussão sobre como a IA está revolucionando a medição e os relatórios em comunicação. Clayton apresentou uma nova ferramenta desenvolvida em parceria com a Meltwater que permite aos profissionais de comunicação fazer perguntas em linguagem natural sobre a cobertura da mídia e obter insights instantâneos.

As perguntas permanecem, as respostas evoluem

As perguntas são sempre as mesmas, mas as respostas estão sempre mudando.

Há décadas, a Microsoft respondeu à pergunta fundamental "Qual tecnologia as pessoas querem?" com "computadores pessoais". Hoje, enfrentando essencialmente a mesma pergunta, a resposta da empresa é "inteligência artificial pessoal".

No contexto da IA e comunicação, isso significa que os desafios fundamentais que enfrentamos - como nos comunicar efetivamente, como medir o impacto de nossas mensagens, como prever tendências - permanecem os mesmos. No entanto, as ferramentas e métodos que usamos para abordar esses desafios estão evoluindo rapidamente.

A Microsoft, mais uma vez, está na vanguarda dessa evolução, oferecendo soluções que prometem transformar a forma como trabalhamos e nos comunicamos, assim como os PCs fizeram há algumas décadas.

Desafios e responsabilidades

Clayton não ignorou os desafios éticos e práticos que acompanham essa revolução tecnológica. Ele abordou preocupações sobre privacidade, segurança de dados e o potencial de desinformação. "Com grande poder vem grande responsabilidade", ele lembrou, ecoando uma frase famosa que ressoa fortemente no contexto da IA.

O futuro é pessoal (de novo)

Assim como a Microsoft previu corretamente que os computadores se tornariam pessoais, agora eles estão apostando que a IA seguirá o mesmo caminho. Clayton sugeriu que, em breve, cada profissional terá seu próprio assistente de IA personalizado, tão indispensável quanto nossos smartphones são hoje.

Um convite à ação

Como Chief AI Officer, saí desse evento não apenas impressionado, mas profundamente motivado. A visão da Microsoft para o futuro da comunicação corporativa é ousada e empolgante. Como Clayton colocou: "Não é uma questão de se sua empresa vai adotar essas tecnologias, mas quando e como."

Estamos incorporando vários desses insights exclusivos em nossos próprios produtos, e estou ansioso para ver como isso transformará nossa indústria. O futuro da comunicação é pessoal, é inteligente, e está chegando mais rápido do que imaginamos.

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