Sam Altman e Masayoshi Son: interesses dos CEOs se cruzam (Chona Kasinger/Bloomberg/Tomohiro Ohsumi/Getty Images)
Repórter
Publicado em 30 de setembro de 2024 às 15h56.
Última atualização em 30 de setembro de 2024 às 18h58.
O Vision Fund do SoftBank concordou em investir US$ 500 milhões na última rodada de financiamento da OpenAI, elevando o valor de mercado da empresa para US$ 150 bilhões antes do investimento.
O acordo marca a primeira vez que o SoftBank, comandado por Masayoshi Son, investe na empresa responsável pelo ChatGPT. Essa rodada de captação, uma das maiores da história para uma empresa privada, está sendo liderada pela Thrive Capital, que comprometeu mais de US$ 1 bilhão.
Troca de elenco na OpenAI confirma Sam Altman como protagonista definitivo da IAAlém do SoftBank, nomes como Tiger Global Management, Coatue Management, Microsoft e MGX, fundo dos Emirados Árabes Unidos, também estão participando do financiamento. Nvidia e Dragoneer Investment Group estão em negociações para se juntar ao grupo de investidores.
A OpenAI busca angariar US$ 6,5 bilhões, em um dos maiores financiamentos privados já registrados. O SoftBank, ao participar, reforça a conexão entre Sam Altman, CEO da OpenAI, e Masayoshi Son, que há anos promove o potencial da inteligência artificial (IA), mas não havia aderido à recente onda de investimentos em IA generativa.
Son, no entanto, tem focado suas ambições de IA na Arm, fabricante de chips essencial para data centers e smartphones. O SoftBank tem seus próprios interesses, claro. A empresa é a maior acionista da Arm, cujo desempenho positivo nas bolsas desde sua abertura de capital no ano passado fez as ações da SoftBank subirem cerca de 35% em 2023.
A OpenAI tem enfrentado algumas turbulências internas, com saídas de executivos de alto escalão. Na última semana, a diretora de tecnologia, Mira Murati, anunciou sua saída, seguida por outros dois pesquisadores seniores. Essas mudanças ocorreram em meio a uma reformulação na estrutura corporativa da OpenAI, que planeja abandonar o modelo de subsidiária com fins lucrativos de uma organização sem fins lucrativos. A empresa deve adotar uma benefit corporation, uma corporação de benefícios com fins lucrativos, para atrair mais investidores.
Apesar dessas saídas, o SoftBank e outros investidores mantêm seu comprometimento financeiro, enquanto a Apple, anteriormente cotada para participar da rodada, optou por não investir, segundo o Wall Street Journal.
O investimento na OpenAI pode se tornar uma das apostas mais importantes do portfólio do SoftBank, que inclui a ByteDance, proprietária do TikTok, a fintech Revolut e a startup de cibersegurança Wiz. Esta seria também a maior aposta do conglomerado japonês em uma empresa de IA generativa, após o veto de Son a um investimento na concorrente da OpenAI, Mistral, no início do ano.
Nos últimos anos, o SoftBank tem diversificado seus interesses, incluindo planos de tomar empréstimos bilionários para projetos energéticos e adquirir chips da Nvidia, além de ter realizado pequenos investimentos em startups como a Perplexity, focada em mecanismos de busca com IA.
O Vision Fund foi criado há sete anos, com o apoio do fundo soberano da Arábia Saudita, para investir em tecnologias disruptivas de IA. No entanto, a reputação do fundo sofreu após investimentos malsucedidos em empresas como WeWork e Katerra, que faliram. Investimentos em empresas como DoorDash e Coupang ajudaram a mitigar parte das perdas.
O segundo Vision Fund, lançado com capital próprio do SoftBank, investiu US$ 54 bilhões, mas o valor dessas apostas caiu para US$ 31 bilhões, de acordo com dados apresentados pelo SoftBank no mês passado.