Repórter
Publicado em 25 de setembro de 2024 às 15h18.
Última atualização em 25 de setembro de 2024 às 16h07.
Inteligência artificial, óculos conectados e realidade virtual. Esse é o resumo do que Mark Zuckerberg apresentou no evento para desenvolvedores "Meta Connect" nesta quarta-feira, 25. De Menlo Park, nos EUA, o CEO bronzeado demonstrou que seu sonho de metaverso não foi um devaneio, tampouco um desperdício do volumoso caixa de sua companhia, de US$ 812 bilhões em valor de mercado.
Com a apresentação do que será a nova linha de realidade virtual (VR), o público pode ver o novo Quest 3S, que chega ao mercado norte-americano por US$ 299, cerca de R$ 1.640 em conversão direta e sem impostos. Em sua fala e demonstrações de aplicativos, Mark reposicionou o produto entre um videogame e uma interface para computador pessoal, similar ao que fez a Apple com o esquecido Vision Pro, no passado.
Contudo, o produto certamente não prevalecerá sozinho. Junto a ele, o CEO apresentou como uma atualização do Ray-Ban Meta Smart Glasses transformará o dispositivo em um tipo de AI vestível, colocando um assistente pessoal equipado com câmeras na cabeça do usuário.
O recurso leva a IA da empresa para funções como recordar cenas do cotidiano, auxiliar o usuário em uma tarefa doméstica ou realizar uma tradução simultânea. Um conjunto de funções que parece ser uma estratégia para tornar os vestíveis mais populares dando a eles uma utilidade, algo que sempre faltou no produto.
"Nas primeiras versões, nós escondemos a tecnologia, tentando fazer os óculos parecerem o mais normais e estilosos possíveis. Agora, achamos que as pessoas começam a apreciar o que os torna especiais", explicou o CEO, indicando que o design dos novos modelos celebra a inovação em vez de escondê-la.
Outro destaque foi a evolução da Meta AI nos últimos meses, com a atualização de seu modelo de linguagem, o Lhama 3.2, mais potente em imagem e áudio, agora permite que a IA interprete o mundo por meio de imagens e também inicie conversas por voz.
Disponível em versões de 11 bilhões e 90 bilhões de parâmetros, a IA agora consegue compreender tanto texto quanto imagens, e ser adaptável para operar em diferentes tipos de dispositivos, de TVs até pequenos gadgets, como termostatos inteligentes.
E Zuckerberg mostrou como o modelo evoluiu: em um smartphone, após iniciar a conversa com a Meta AI em um dos apps da empresa, basta tocar no botão de microfone para começar a interação por voz, que durante a demonstração, pareceu menos fluída do que o ChatGPT. A Meta informou que essa função de voz estará disponível nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia "durante o próximo mês".
Outro avanço significativo é a visão computacional. Em breve, usuários dos EUA poderão enviar fotos pelo chat da Meta AI e solicitar informações sobre as imagens. É possível pedir descrições, perguntar sobre espécies de animais ou obter contexto sobre um objeto na foto.
Para levar a IA para essa infinidade de produtos prometidos, a empresa firmou parcerias com fabricantes e fornecedores de tecnologia, incluindo AMD, AWS, Databricks, Dell, Google Cloud, Groq, IBM, Intel, Microsoft Azure, Nvida, Oracle Cloud e Snowflake, entre outras. Os modelos também estarão disponíveis para download em llama.com e no Hugging Face.
O cruzamento das tecnologias caminha para unir o sonho grande de Zuckerberg em realidade virtual, mas que exigiu do CEO uma atualização de norte há pouco mais de um ano, após a IA se tornar o centro dos interesses do setor de tecnologia.
Zuckerberg destacou que os óculos que a empresa vende atualmente são parte de uma visão de longo prazo. "Temos trabalhado em óculos de AR holográfica há quase 10 anos", disse. Adicionando que o crescimento da categoria superou suas expectativas iniciais, acreditando que a aceitação só viria com o aperfeiçoamento da tecnologia holográfica.
O CEO concluiu sua apresentação com uma prévia do futuro: "Ainda estamos trabalhando na nossa visão completa de óculos holográficos, mas isso é só o começo", declarou, mostrando um protótipo de óculos chamado Orion, de lentes transparente feita de microLEDs e do material carbeto de silício (SiC) e que permite ver o mundo real em combinação com o virtual. A mensagem é clara: a Meta está pronta para transformar o cotidiano dos usuários, integrando AR e IA em uma nova forma de interação com o mundo digital.