Inteligência Artificial

Nova DeepSeek? Manus AI, startup de IA chinesa, quer desafiar liderança dos EUA

Com a promessa de um agente de IA totalmente autônomo, a startup chinesa Manus gerou burburinho no setor, mas ainda precisa superar questões de desempenho e privacidade

Publicado em 11 de março de 2025 às 07h29.

Última atualização em 11 de março de 2025 às 08h17.

Na última semana, a startup chinesa Manus AI anunciou uma versão de pré-lançamento de seu agente de inteligência artificial, que promete ser completamente autônomo.

A ferramenta, segundo a empresa, é capaz de realizar tarefas como triagem de currículos, organização de itinerários de viagem e análise de ações, tudo a partir de um comando único do usuário. O lançamento gerou grande interesse e se despertou o interesse por convites limitados para testar a ferramenta. Segundo o Baidu Index, o volume de buscas por "código de convite do Manus" aumentou em 830% em apenas um dia.

Comparações com outras inovações da China no setor de IA parecem inevitáveis. Assim como a DeepSeek, que causou um grande impacto no Vale do Silício ao lançar um modelo de IA de baixo custo, mas com desempenho semelhante aos de gigantes dos Estados Unidos, o Manus suscitou discussões sobre a competitividade da China no desenvolvimento de IA.

A DeepSeek, lançada em janeiro, revelou um modelo de IA capaz de rivalizar com as principais concorrentes ocidentais, mas a um custo bem mais baixo.

O lançamento provocou um pânico nos investidores, levando a uma venda massiva das ações da Nvidia, o que resultou em uma perda de US$ 600 bilhões no valor de mercado. Esse evento também demonstrou que a China tem a capacidade de criar modelos de IA de ponta, mesmo com os controles de exportação dos EUA, que limitam o acesso a chips avançados. Isso gerou a percepção de que a China vivia o seu "momento Sputnik" na corrida tecnológica.

Agora, com o Manus, a startup chinesa entra em cena com a alegação de ter alcançado total autonomia, reforçando a ideia de que a China está diminuindo a distância em relação aos Estados Unidos na corrida pela liderança em IA.

Dean Ball, pesquisador especializado em políticas de IA, comentou em um post no X que é "errado chamar a Manus de 'momento DeepSeek'", pois a Manus está indo além. "A DeepSeek apenas replicou as capacidades já alcançadas pelas empresas americanas", disse Ball. "A Manus, na verdade, está ampliando os limites. O computador mais sofisticado utilizando IA vem atualmente de uma startup chinesa, sem dúvida."

Yichao Ji, cofundador da Manus, também afirmou que o sistema da startup "supera o modelo Deep Research da OpenAI" em certos aspectos, como no desempenho em benchmarks como o GAIA, utilizado para comparar a eficácia de diferentes modelos de IA.

Falhas

Mas as primeiras reações ao Manus não foram unânimes. Apesar de prometer autonomia, alguns usuários relataram falhas no chatbot, como erros factuais e maior tempo de processamento em comparação a outros modelos de IA. Além disso, surgiram preocupações sobre a privacidade dos dados, com questionamentos sobre a localização dos servidores e o possível acesso das autoridades chinesas às informações dos usuários, dado o caráter da empresa.

Por enquanto, o Manus está disponível somente por convite. Especialistas destacam que, embora o produto tenha potencial, ele continua em desenvolvimento e apresenta falhas. Yiran Chen, professor da Universidade Duke, declarou à Bloomberg que a startup pode estar buscando atrair investidores com a atenção gerada, mesmo com um produto que ainda não está totalmente finalizado.

Outro ponto que gerou discussão foi a falta de transparência no processo de desenvolvimento do Manus. Diferente de outras grandes empresas de IA, como a OpenAI, que publicam documentos técnicos detalhados sobre seus sistemas, a Manus não divulgou informações sobre a criação do seu modelo.

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