Repórter
Publicado em 10 de fevereiro de 2025 às 18h33.
Última atualização em 11 de fevereiro de 2025 às 08h18.
Um consórcio de investidores liderado por Elon Musk fez uma oferta de US$ 97,4 bilhões para adquirir o controle da OpenAI, intensificando suas rusgas com o líder da empresa Sam Altman. A proposta foi submetida ao conselho da OpenAI nesta segunda-feira, 10, segundo Marc Toberoff, advogado de Musk.
França investe €10 bilhões em megacentro de IA com energia nuclearA oferta ocorre no momento em que Altman tenta consolidar sua estratégia para transformar a OpenAI em uma empresa tradicional de capital aberto. O plano inclui o Stargate, um projeto que prevê até US$ 500 bilhões em infraestrutura para inteligência artificial, mas que já enfrenta resistência de concorrentes e investidores.
Musk, que deixou a OpenAI em 2018 após não conseguir obter controle sobre a empresa, justificou sua proposta afirmando que deseja restaurar a missão original da organização. “É hora da OpenAI voltar a ser uma força aberta, focada na segurança e no bem comum”, declarou o bilionário.
A oferta conta com o apoio de investidores estratégicos, incluindo xAI, empresa de IA fundada por Musk, e fundos como Valor Equity Partners, Baron Capital, Atreides Management, Vy Capital e 8VC, liderado por Joe Lonsdale, cofundador da Palantir. O CEO da Endeavor, Ari Emanuel, também apoia a proposta por meio de seu fundo de investimentos.
Em tom irônico através de uma publicação no X (antigo Twitter), Altman recusou a oferta de Elon Musk. Ele escreveu ainda que estaria disposto a comprar a rede social por 10% da oferta de aquisição da OpenAI por Musk. O CEO da Tesla adquiriu o então Twitter em 2022 por 44 bilhões de dólares, demitiu vários executivos do alto escalão, rebatizou a rede social para X e alterou sua identidade visual.
no thank you but we will buy twitter for $9.74 billion if you want
— Sam Altman (@sama) February 10, 2025
Elon Musk: bilionário é um dos fundadores da OpenAI
Em janeiro, Musk enviou uma carta aos procuradores-gerais da Califórnia e de Delaware pedindo que a OpenAI fosse submetida a um processo formal de licitação, argumentando que sua avaliação pode estar subestimada na transição para um modelo comercial.
A OpenAI nega as acusações e afirma que a fundação será compensada de forma justa na conversão para uma empresa privada. Em dezembro, a empresa divulgou documentos alegando que Musk, no passado, apoiou a criação da estrutura comercial, mas desistiu ao não conseguir controle sobre a organização.
A oferta de Musk também se insere em um contexto mais amplo de desafios para Altman. Além do processo judicial movido pelo bilionário, a Meta enviou em dezembro uma carta ao procurador-geral da Califórnia manifestando oposição à reestruturação da OpenAI.
A OpenAI enfrenta negociações delicadas com a Microsoft e outros investidores sobre a divisão de participação na nova empresa. A empresa prometeu concluir a transição até o final de 2026 como parte de uma rodada de financiamento de US$ 6,6 bilhões em outubro, que a avaliou em US$ 157 bilhões.
A promessa de Sam Altman que convenceu Trump sobre AGI: "Será lançada no seu mandato"Além disso, a companhia negocia uma nova captação de até US$ 40 bilhões, que poderia elevar seu valor de mercado para até US$ 300 bilhões. O conglomerado japonês SoftBank lideraria essa rodada, com investimentos entre US$ 15 bilhões e US$ 25 bilhões.
Ainda que a oferta não requisita de Musk seja com intuito de gerar tensões na liderança da OpenAI, o movimento pode dificultar a obtenção de recursos para o Stargate, projeto anunciado no mês passado em um evento na Casa Branca.
Na ocasião, Altman apareceu ao lado do presidente Donald Trump para divulgar o plano de investimento de US$ 500 bilhões em data centers nos EUA. Musk, apesar de sua proximidade com Trump, não participou da cerimônia e, horas depois, criticou a iniciativa no X, chamando Altman de “trapaceiro”.