Inteligência Artificial

Investigação descobre site que lucra com deepfakes pornográficos não consentidos de mulheres

Parte das vítimas tiveram as fotos roubadas ao comprar aplicativos de IA que modificam fotos

Ramana Rech
Ramana Rech

Redatora

Publicado em 29 de janeiro de 2025 às 16h28.

Última atualização em 29 de janeiro de 2025 às 16h30.

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A jornalista investigativa alemã Patrizía Scholosser descobriu que imagens falsas dela foram geradas por inteligência artificial e publicadas no site MrDeepFakes, um dos maiores repositórios de deepfake pornográfico do mundo. As fotos manipuladas permaneceram no ar por dois anos sem qualquer intervenção da plataforma.

A história de Scholosser não é única. Um estudo da empresa Security Hero verificou que 98% dos vídeos de deepfake disponíveis online são pornografia e 99% das vítimas são mulheres. O caso da jornalista levou o site de investigações de crimes virtuais Bellingcat a buscar os responsáveis pelo funcionamento do MrDeepFakes e das tecnologias que permitem a criação desse tipo de material.

O MrDeepFakes opera como um marketplace para deepfakes pornográficos e já teve seus vídeos visualizados quase duas bilhões de vezes. A plataforma mantém cerca de 650 mil usuários cadastrados e não divulga informações sobre seus administradores. No entanto, a investigação do Bellingcat apontou que a estrutura do site está vinculada a empresas de tecnologia baseadas na China, em Hong Kong e em paraísos fiscais.

A conexão entre deepfakes e companhias de tecnologia

Uma das empresas identificadas na investigação é a Deep Creation Limited, sediada na região central de Hong Kong. A companhia é responsável pelo Deepswap, ferramenta de inteligência artificial que permite criar deepfakes de fotos e vídeos por US$ 9,99. O Deepswap é anunciado no topo da página do MrDeepFakes com frases como “Crie deepfake de quem quiser” e “Faça pornô IA em um segundo”.

O site do Deepswap tinha links para downloads na Google Play Store e na Apple Store, mas o aplicativo foi removido das plataformas. A Deep Creation Limited, por sua vez, pertence à Virtual Evolution Limited, registrada nas Ilhas Virgens Britânicas, um conhecido paraíso fiscal.

Outro elo encontrado na investigação foi a Nexgo, empresa chinesa que apresenta a Deep Creation Limited como sua subsidiária. A Nexgo, que atua no setor de pagamentos eletrônicos, está listada na bolsa de valores de Hong Kong e possui operações internacionais, incluindo no Brasil.

A tese é que esses apps utilizariam as fotos de clientes pagantes, que usaram os apps para outros fins, para criar os deepfakes pornográficos.

Além disso, o MrDeepFakes exibe anúncios do Candy.ai, um aplicativo que promete criar “namoradas virtuais” com inteligência artificial. O app pertence à EverAI Limited, empresa baseada em Malta. Em resposta à investigação, um porta-voz da EverAI alegou que a companhia implementou controles para evitar deepfakes pornográficas e que a divulgação no MrDeepFakes foi realizada por meio de um programa de afiliados. Esse modelo de marketing, usado por grandes plataformas como Amazon e sites de apostas, premia parceiros que atraem novos clientes.

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