Inteligência Artificial

Google indica que, ao menos para as gravadoras, existirão acordos para conteúdo gerado por IA

A música de Drake e The Weeknd geradas por IA se tornou viral e acendeu um alerta na indústria musical. Como resposta, o Google se moveu para controlar o futuro das produções em suas plataformas

Hit da IA: "Heart on My Sleeve" se tornou viral, mas não era cantada por Drake e The Weeknd (Montagem/Reprodução)

Hit da IA: "Heart on My Sleeve" se tornou viral, mas não era cantada por Drake e The Weeknd (Montagem/Reprodução)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 23 de agosto de 2023 às 09h45.

Última atualização em 23 de agosto de 2023 às 09h55.

Com a era do conteúdo feito por inteligência artificial (IA) chegando, o Google indicou que quer ditar as regras sobre como rentabilizar suas ferramentas ao máximo mais uma vez quando se valer de conteúdo gerado.

Recentemente, em sinal de temor ao setor musical, anunciou um acordo com a Universal Music Group para "desenvolver uma estrutura de IA para nos ajudar a trabalhar em direção aos objetivos comuns."

A negociação demonstra que o Google está disposto a acertar acordos, estabelecendo novos direitos de propriedade intelectual. Ao mesmo tempo, continua a argumentar que treinar resultados de pesquisa de IA baseado em notícias e livros, sem contrapartida, é uma relação justa com os respectivos setores.

Para entender o cenário: em abril, uma faixa intitulada "Heart on My Sleeve" de um artista chamado Ghostwriter977, com vozes geradas por IA de Drake e The Weeknd, tornou-se viral. A Universal Music Group, que representa Drake e The Weeknd, exigiu a remoção da faixa das plataformas de música.

Apps como Apple e Spotify atenderam prontamente. No entanto, plataformas abertas como o YouTube apresentaram um desafio, pois geralmente não removem conteúdo do usuário sem uma violação clara de política. Neste caso, a solução da UMG foi alegar violação de direitos autorais baseada em uma amostra do produtor Metro Boomin na faixa.

Isso gerou um dilema para o Google, que utiliza web scraping (retirada de dados da internet) para treinar seus sistemas de IA. Alegando que essas cópias são uso justo conforme a Seção 107 da Lei de Direitos Autorais, dos EUA.

O YouTube, por sua vez, depende de licenças da indústria musical para operar. Sem estas licenças, enfrentaria problemas legais e de reputação. Portanto, não surpreende que o YouTube tenha feito concessões à UMG. O chefe do YouTube, Neal Mohan, prometeu expandir o sistema Content ID para cobrir "conteúdo gerado", uma referência à IA.

Os desafios do YouTube vão além do debate sobre direitos autorais em IA. A questão das deepfakes – representações hiper-realistas geradas por IA – complica ainda mais a situação. Como diferenciar entre uma voz real e uma voz gerada por IA? E quanto à diferença entre uma imitação e uma IA?

Em contraste, o Google está utilizando sua influência sobre a web para obter dados para treinar seus modelos de IA. Com sua posição dominante, exerce pressão sobre editores de websites para acessar seus conteúdos e treinar seus modelos.

Ao mesmo tempo, o Google planeja responder diretamente às consultas de pesquisa usando IA, centralizado o tráfego na internet e reduzindo a transferência de usuários para outros sites. Ao menos por hora, a indústria musical dorme feliz.

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