Inteligência Artificial

Google cogita retomar entrevistas presenciais após uso de IA em trapaças de candidatos

Startups vendem ferramentas que permitem engenheiros e desenvolvedores usarem inteligência artificial para burlar entrevistas remotas

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 16 de março de 2025 às 15h55.

mpresas de tecnologia como Google avaliam retomar entrevistas presenciais em meio à crescente adoção de inteligência artificial por candidatos para trapacear em entrevistas técnicas . Startups especializadas já oferecem ferramentas que auxiliam engenheiros a obter respostas perfeitas sem que recrutadores percebam.

Um dos serviços mais populares nesse mercado é a Interview Coder, criada por Chungin “Roy” Lee, estudante de ciência da computação. A plataforma analisa perguntas feitas em entrevistas e gera código automaticamente, tornando-se indetectável para os entrevistadores. Segundo Lee, seu projeto surgiu da frustração com o sistema tradicional de entrevistas técnicas, no qual empresas exigem que candidatos resolvam problemas complexos sem qualquer assistência tecnológica. A Columbia University, onde ele estuda, abriu um processo disciplinar contra o aluno, alegando violação de normas acadêmicas.

Empresas tentam conter fraudes em entrevistas

A adoção crescente de entrevistas remotas, impulsionada pela pandemia, facilitou o uso de ferramentas de IA para obtenção de respostas automatizadas. Recrutadores relatam que alguns candidatos exibem comportamentos suspeitos, como pausas estratégicas antes de responder ou dificuldades para explicar a lógica do código apresentado. Além disso, a detecção do uso de IA tem se tornado mais difícil, já que os assistentes virtuais evoluíram para exibir respostas de maneira mais natural.

O impacto dessas fraudes levou o Google a reconsiderar o modelo de entrevistas remotas. Em uma reunião interna, executivos discutiram a possibilidade de retomar entrevistas presenciais para minimizar a influência da IA no processo seletivo. Outras empresas já tomaram medidas semelhantes: a Deloitte voltou a exigir entrevistas presenciais para seu programa de trainees no Reino Unido, enquanto a Anthropic, criadora do chatbot Claude, implementou uma regra proibindo explicitamente o uso de IA por candidatos durante a seleção.

Mercado de IA para trapaças cresce

Mesmo com tentativas de regulamentação, o mercado de ferramentas que auxiliam engenheiros a burlar entrevistas continua em expansão. A Interview Coder, por exemplo, cobra US$ 60 por mês pelo serviço e projeta faturar US$ 1 milhão em receita anual recorrente até maio. Outra plataforma, a Leetcode Wizard, se apresenta como a melhor ferramenta para “conseguir um resultado forte de contratação em qualquer entrevista de código”, cobrando uma assinatura mensal de €49.

O aumento do uso dessas plataformas reacendeu o debate sobre a validade dos testes técnicos aplicados por empresas de tecnologia. Muitos candidatos argumentam que entrevistas tradicionais não refletem o trabalho real de um programador e que o uso de IA deveria ser permitido, assim como calculadoras são autorizadas em provas matemáticas. Por outro lado, recrutadores temem que a tendência leve à contratação de profissionais que não possuem as habilidades necessárias para a função.

Diante desse cenário, algumas empresas avaliam mudanças na forma como avaliam candidatos, enquanto outras cogitam simplesmente retornar às entrevistas presenciais para evitar fraudes.

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