Inteligência Artificial

Dados da TSMC mostram que a IA pode enfrentar o seu maior desafio: a falta de pessoas

Balanço da maior fabricante de hardware do mundo mostra que, embora a inteligência artificial esteja em alta, a falta de engenheiros e técnicos qualificados ameaça o crescimento do setor

TSMC: empresa é responsável por boa parte da produção de chips e semicondutores do planeta (I-Hwa Cheng/Getty Images)

TSMC: empresa é responsável por boa parte da produção de chips e semicondutores do planeta (I-Hwa Cheng/Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 13 de agosto de 2024 às 13h19.

Última atualização em 13 de agosto de 2024 às 14h28.

As vendas da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), a maior fabricante de chips do mundo e fornecedora essencial para a expansão da inteligência artificial (AI), aumentaram 45% em julho, alcançando US$ 7,9 bilhões.

Mas o número por si só não se traduz em otimismo para o setor, hoje avaliado por alguns analista de mercado como sobreprecificado. No cenário mais recente, as ações relacionadas à AI têm mostrado volatilidade nos últimos meses, gerando cautela entre investidores da TSMC devido aos riscos geopolíticos na guerra comercial entre as principais potências globais. No entanto, um desafio menos discutido, mas igualmente importante, é a iminente escassez de engenheiros e técnicos para manter o crescimento.

Até agora, acreditava-se que aumentar a capacidade de fabricação de chips era uma questão de investimento financeiro. Governos ao redor do mundo, incluindo os Estados Unidos, têm investido bilhões para ampliar a produção de chips, com a expectativa de criar mais de 160.000 novas vagas em engenharia e suporte técnico.

No entanto, a formação de mão de obra qualificada não tem acompanhado o ritmo necessário. Apenas cerca de 1.500 engenheiros e 1.000 técnicos ingressam anualmente na indústria de semicondutores, o que é insuficiente para atender à crescente demanda.

A falta de trabalhadores qualificados está afetando também a expansão da TSMC nos EUA, onde a construção de uma nova fábrica no Arizona foi adiada por falta de mão de obra especializada.

A situação é agravada por tendências demográficas em países como Taiwan e Coreia do Sul, que enfrentam populações em declínio e menor número de estudantes em cursos de ciência e engenharia. Com 80% da produção global de chips concentrada nesses dois países, a escassez de trabalhadores qualificados pode se tornar um gargalo crítico.

O dilema das fábricas de chips fora da Ásia

A cultura de trabalho, fundamental para o funcionamento ininterrupto das fábricas de semicondutores, também se mostra difícil de replicar fora da Ásia.

Enquanto no Taiwan um reparo pode ser feito à 1h da madrugada, nos EUA ele pode ter que esperar até a manhã seguinte, o que pode impactar a viabilidade econômica de plantas que exigem operação contínua.

Embora a AI esteja contribuindo para o design e testes de novos chips, a produção física ainda depende de engenheiros experientes, um problema que a automação não conseguirá resolver tão cedo.

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