Inteligência Artificial

Como CEOs podem reduzir a resistência interna à adoção da inteligência artificial

Pesquisa da Data-Makers em parceria com a CDN mostra que 62% dos CEOs brasileiros identificam a resistência interna como a principal barreira na implementação de soluções de inteligência artificial

 (iStock/Reprodução)

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Pedro Consoli
Pedro Consoli

Redator da Faculdade Exame

Publicado em 4 de fevereiro de 2025 às 13h54.

Última atualização em 4 de fevereiro de 2025 às 13h56.

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Um estudo realizado pela IBM aponta que cerca de 60% dos CEOs estão adotando soluções de inteligência artificial mais rapidamente do que seus funcionários gostariam.

Além disso, 43% dos executivos concordam que seus colaboradores não entendem o real impacto dessa nova tecnologia. A pesquisa abordou mais de três mil CEOs espalhados por 30 países e 26 setores diferentes.

Esses dados se apoiam em uma realidade onde há pouquíssima transparência sobre as reais utilidades da inteligência artificial, além da predominância de uma mentalidade de 'vamos ser substituídos pela IA'.

Para Raoul Davis, sócio-fundador da Ascendant, agência de marketing especializada no branding de CEOs, um dos maiores desafios na implementação dessa nova tecnologia não está nem em seu custo, e nem em falta de mão de obra qualificada: uma das maiores dificuldades é a comunicação.

"A adoção de IA é um assunto extremamente polarizado e polêmico," escreveu Raoul Davis, à Forbes. "Líderes precisam promover discussões transparentes e verdadeiras. Só assim a tecnologia avançará e se tornará verdadeiramente útil."

Muitos detalhes técnicos

Em coluna ao Council Post da Forbes americana, Davis comenta que debates sobre inteligência artificial costumam ser técnicos demais, 'hiperfocando' em seus pontos negativos ou potencial revolucionário.

"Quanto a este assunto, CEOs devem sempre tomar o caminho do meio. Enfatize toda a praticidade e acessibilidade que a IA pode trazer, sempre mencionando os benefícios centrados no usuário humano. É aqui que o verdadeiro progresso mora."

Para ele, portanto, é fundamental fazer um cálculo de quantas horas o funcionário gasta em tarefas repetitivas, mostrando ao colaborador quanto tempo ele ganharia caso elas fossem automatizadas.

"É sobre criar um futuro onde a IA é vista como uma ferramenta de otimização humana, ao invés de uma forma de substituição," complementa. "O valor prático deve ser enfatizado."

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Pés no chão

Muito se fala sobre as mil e uma possibilidades da inteligência artificial. Desde veículos autônomos até modelos em larga escala, o foco costuma sempre divagar em direção ao fantástico.

Isso, entretanto, não é nada eficiente. Davis recomenda que os líderes mudem o foco da narrativa, mostrando as contribuições reais da inteligência artificial no processo de 'reduzir nossos principais desafios'.

Um dos principais pontos que ele recomenda abordar é o de que a IA permite que usemos nossa criatividade para tarefas mais significativas, o que efetivamente aumenta a capacidade de empresas satisfazerem seus clientes.

"Quando focamos nesses benefícios, o colaborador consegue imaginar como essa nova tecnologia se encaixa em seu dia a dia," explica. "É necessário enfatizar que o coração do avanço tecnológico está em servir a humanidade."

Conte cases humanos e pouco conhecidos

Ao invés de falar de grandes empresas ou trazer histórias conhecidas e "frias", procure cases humanizados e apelativos, em que a inteligência artificial efetivamente ajudou a solucionar problemas reais.

Apesar de (provavelmente) não remeter ao dia a dia de nenhum funcionário, são histórias que desmistificam a tecnologia, mostrando como ela pode resolver questões humanas.

"Não podemos subestimar o poder do storytelling para nos ajudar nesse processo," escreve.

Davis trouxe exemplos de alguns cases que usa sempre que pode:

  • No Quênia, um modelo de inteligência artificial integrado a câmeras térmicas está ajudando guardas a identificarem e impedirem a ação de caçadores ilegais;
  • No Brasil, IAs embarcadas em satélites ajudam a identificar áreas em risco de desmatamento ilegal, facilitando a prevenção;
  • Na Turquia e na Síria, modelos de visão computacional integrados a satélites ajudam a coordenar equipes de resgate após desastres naturais.

O caminho para o futuro

Os líderes precisam deixar de lado a parte técnica e focar em todas as formas que a IA pode beneficiar a vida humana.

Com essa abordagem, a conexão entre inteligência artificial com projetos de impacto fica mais clara.

Ao unir esses pontos à explicações positivas sobre como a tecnologia implementada também respeitará a LGPD e outros fatores éticos, fica muito mais fácil de quebrar a barreira da aceitação, de forma a acelerar a adoção e implementação da IA em sua empresa.

Tendo em vista todas as discussões ao redor da implementação de soluções de inteligência artificial no mundo corporativo, a EXAME + Saint Paul oferecem o Programa de Inteligência Artificial para C-Levels, CEOs, Conselheiros e Acionistas, um curso voltado para executivos que querem dominar as ferramentas mais modernas do mercado e solidificar seus legados com projetos future-proof de impacto.

Ministrado por especialistas renomados, o curso promove possibilidades de networking direto com outros executivos de grandes empresas, como Amazon, Bradesco e JBS. São quatro encontros presenciais de um dia e meio cada um, com aulas e momentos destinados a sessões de mentoria ou aplicação de projetos, onde o líder pode resolver problemas reais de suas empresas dentro da sala de aula.

Além de abordar os fundamentos da IA, o curso explora como essas ferramentas podem ser aplicadas em áreas como análise de mercado, inovação e gestão de riscos. Para CEOs, esse tipo de preparação é fundamental para maximizar os benefícios da IA sem cair nas armadilhas de expectativas irreais, além de oferecer técnicas para reduzir a resistência dos colaboradores.

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