Inteligência Artificial

China faz investimento agressivo em IA mesmo com sanções dos EUA

Alibaba, Tencent e ByteDance lideram aumento expressivo nos gastos com inteligência artificial, buscando superar restrições e expandir infraestrutura tecnológica

Apesar das restrições impostas pelos Estados Unidos, China tem aumentado o investimento em inteligência artificial. (Getty Images/Reprodução)

Apesar das restrições impostas pelos Estados Unidos, China tem aumentado o investimento em inteligência artificial. (Getty Images/Reprodução)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 26 de agosto de 2024 às 13h02.

As empresas de tecnologia da China estão intensificando significativamente seus investimentos em inteligência artificial (IA) em 2024, mesmo diante das restrições impostas pelos Estados Unidos. Alibaba, Tencent e Baidu, três dos maiores nomes do setor, quase dobraram seus gastos de capital nos primeiros seis meses do ano, atingindo 50 bilhões de yuans (aproximadamente R$ 38,5 bilhões). Esse aumento reflete uma estratégia agressiva para expandir a infraestrutura necessária ao desenvolvimento e aplicação de IA, desafiando as tentativas dos EUA de limitar o avanço tecnológico chinês. As informações são do Financial Times.

O Alibaba, por exemplo, destinou 23 bilhões de yuans (cerca de R$ 17,7 bilhões) no primeiro semestre de 2024, um aumento de 123% em comparação ao ano anterior. Esses recursos foram direcionados para a compra de processadores e a construção de infraestrutura voltada ao treinamento de grandes modelos de linguagem, que são fundamentais para o avanço da IA. A empresa tem utilizado essa capacidade não apenas para desenvolver seus próprios modelos, como a série Tongyi, mas também para fornecer poder computacional a outras empresas, atendendo à crescente demanda por esses serviços.

Apesar das sanções dos EUA, que bloquearam o acesso da China a processadores de ponta da Nvidia, como o H100, as empresas chinesas têm se adaptado adquirindo versões de menor potência, como o H20. Essas versões, que ainda oferecem capacidade significativa para o desenvolvimento de IA, foram projetadas para ficar dentro dos limites de potência impostos por Washington. Estima-se que mais de um milhão desses processadores serão vendidos para empresas chinesas nos próximos meses, com cada unidade custando entre US$ 12.000 e US$ 13.000 (aproximadamente R$ 65.880 a R$ 71.370). A ByteDance, controladora do TikTok, é uma das maiores compradoras desses chips, investindo também na construção de infraestrutura de data centers na Malásia.

Investimento alto em IA

A ByteDance, em particular, tem se destacado por seu investimento agressivo em IA, apoiado por uma reserva de caixa que ultrapassa US$ 50 bilhões (cerca de R$ 274,5 bilhões). A Tencent também tem investido fortemente em IA, com seus gastos de capital subindo 176% no primeiro semestre de 2024, totalizando 23 bilhões de yuans (aproximadamente R$ 126 bilhões). A empresa tem focado na aquisição de servidores equipados com GPUs e CPUs para sua crescente oferta de serviços de nuvem. No entanto, a Tencent tem adotado uma postura mais cautelosa do que suas contrapartes norte-americanas, refletindo preocupações sobre o ambiente regulatório na China e os riscos associados ao investimento em novas tecnologias.

Enquanto isso, a Baidu, que há muito tempo lidera a pesquisa em IA na China, mostrou-se mais moderada em seus investimentos. A empresa aumentou seus gastos de capital em apenas 4%, alcançando 4,2 bilhões de yuans (cerca de R$ 23 bilhões) no primeiro semestre de 2024. Esse crescimento modesto sugere uma abordagem mais focada em eficiência operacional do que em expansão agressiva.

Embora o capital total investido pelas gigantes chinesas de tecnologia ainda seja significativamente menor do que o de suas contrapartes norte-americanas, como Alphabet, Amazon, Meta e Microsoft, que gastaram US$ 106 bilhões (cerca de R$ 582,6 bilhões) no mesmo período, o aumento dos gastos na China destaca a determinação do país em continuar avançando no campo da IA. Em um cenário global cada vez mais competitivo, as empresas chinesas estão se posicionando para liderar a próxima onda de inovação tecnológica, apesar das barreiras e desafios impostos por tensões geopolíticas.

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