Repórter
Publicado em 16 de setembro de 2024 às 14h17.
Última atualização em 16 de setembro de 2024 às 14h22.
Oprah Winfrey trouxe à tona as preocupações sobre o futuro da inteligência artificial (IA) em seu especial "AI and the Future of Us", exibido nos EUA na última quinta-feira, 12. O programa contou com a participação do CEO da OpenAI, Sam Altman, do influenciador tecnológico Marques Brownlee e do diretor do FBI, Christopher Wray. A discussão focou nos desafios e incertezas que a IA traz, destacando o ceticismo e a cautela como temas centrais.
“O gênio da IA saiu da garrafa, para o bem ou para o mal, e a humanidade terá que aprender a lidar com as consequências”, alertou Oprah em seu discurso de abertura, enfatizando os riscos e as oportunidades. Ela também ressaltou que a IA está além de nosso controle e compreensão total, mas que a adaptabilidade humana será crucial. “Os riscos não poderiam ser maiores”, concluiu.
Altman, o primeiro entrevistado da noite, tentou argumentar que os sistemas de IA de hoje estão aprendendo conceitos por meio dos dados que recebem. “Estamos mostrando ao sistema mil palavras em sequência e pedindo para prever o que vem a seguir. O sistema aprende a prever e, dentro disso, aprende os conceitos subjacentes”, afirmou.
Essa visão, no entanto, foi amplamente questionada por especialistas, que argumentam que sistemas como o ChatGPT e o recém-lançado o1, da OpenAI, são basicamente máquinas estatísticas que reconhecem padrões de dados, sem intencionalidade ou compreensão real.
Apesar das dúvidas sobre as capacidades reais da IA, Altman destacou a necessidade urgente de desenvolver mecanismos de segurança para esses sistemas. Ele também mencionou que tem conversado regularmente com o governo sobre como implementar esses testes de segurança, comparando a situação com as regulamentações para medicamentos e aeronaves.
A postura de Altman em relação à regulamentação, porém, foi criticada por sua oposição ao projeto de lei SB 1047, na Califórnia, que propõe medidas de segurança para IA. Ex-funcionários da OpenAI e especialistas, como Geoffrey Hinton, expressaram apoio ao projeto, argumentando que ele traria salvaguardas necessárias para o desenvolvimento da tecnologia.
Um dos momentos mais impactantes foi a discussão sobre deepfakes, onde Oprah e Brownlee examinaram o rápido avanço da tecnologia de manipulação de vídeo. Brownlee mostrou como o gerador de vídeo da OpenAI, o Sora, superava sistemas mais antigos, mas também advertiu que ainda era possível identificar irregularidades nas imagens.
Christopher Wray, do FBI, compartilhou sua primeira experiência com deepfakes, relatando um vídeo falso criado pela agência em que ele aparecia dizendo coisas que nunca disse. Wray destacou o uso crescente da IA em crimes de extorção, apontando um aumento de 178% nos casos em 2023, impulsionado por tecnologia de IA.
Em um contraste mais otimista, Bill Gates, fundador da Microsoft, defendeu o potencial da IA em revolucionar áreas como educação e medicina. Bill Gates prevê que os tutores IA eventualmente igualarão a eficácia dos melhores professores humanos, fornecendo experiências de aprendizagem personalizadas e feedback imediato. Gates endossou o livro de Sal Khan "Brave New Words", que explora o potencial da IA para revolucionar a educação globalmente. A Fundação Bill & Melinda Gates está buscando ativamente abordagens inovadoras baseadas em IA para melhorar o ensino de matemática, com foco em beneficiar estudantes negros e latinos e aqueles impactados pela pobreza. O otimismo de Gates é temperado com pragmatismo, pois ele adverte que o campo da IA na educação pode enfrentar vários contratempos antes de alcançar um sucesso generalizado. Apesar dos desafios, Gates continua convencido de que a integração da IA na educação acabará por elevar os níveis de aprendizagem de todos os alunos, não apenas dos mais motivados.