Repórter
Publicado em 6 de março de 2025 às 10h03.
Última atualização em 6 de março de 2025 às 10h09.
A gigante chinesa Alibaba intensificou a disputa global pela inteligência artificial ao anunciar nesta quinta-feira, 7, o QwQ-32B, um novo modelo de IA que promete rivalizar com o DeepSeek-R1, mas com um número muito menor de parâmetros e um custo reduzido. O anúncio fez as ações da empresa subirem 8,39% na Bolsa de Hong Kong, atingindo um novo recorde de 52 semanas, e impulsionou os papéis negociados em Nova York em 2,5% no pré-mercado.
A reação do mercado reflete uma tendência crescente no setor: enquanto a OpenAI dominava o espaço com seus modelos de ponta, a DeepSeek surpreendeu o mundo no início de 2024 ao provar que era possível treinar IAs avançadas com menos custo. Agora, o Alibaba foi além, elevando a eficiência e pressionando ainda mais a competição.
O QwQ-32B possui 32 bilhões de parâmetros, um número muito inferior aos 671 bilhões do DeepSeek-R1. No entanto, segundo o Alibaba, o desempenho em benchmarks de matemática, programação e raciocínio geral se mantém competitivo – algo que era impensável até pouco tempo atrás.
A explicação para essa eficiência está na combinação de aprendizado por reforço (RL) e autoquestionamento estruturado, permitindo que o modelo revise e refine suas próprias respostas em tempo real. Isso o torna não apenas mais poderoso para tarefas complexas, mas também mais acessível para empresas que querem adotar IA sem precisar investir milhões em infraestrutura computacional.
O modelo já está disponível em código aberto na plataforma Hugging Face, permitindo que desenvolvedores e empresas o utilizem sem restrições comerciais. Isso representa um contraste com alternativas proprietárias da OpenAI, que seguem fechadas para o público.
O sucesso do DeepSeek-R1, que custou significativamente menos para ser treinado do que os modelos ocidentais, colocou em dúvida o domínio da OpenAI e de gigantes como Microsoft e Google. Isso levou empresas como Alibaba a apostarem em modelos mais eficientes e acessíveis, que atendem a uma crescente demanda por IA com menor consumo de recursos computacionais.
Essa mudança está acelerando uma nova fase da inteligência artificial: enquanto antes o foco estava no treinamento de modelos gigantescos, agora o grande desafio é baratear a inferência – o processo de usar IA para tomar decisões em tempo real. Esse novo momento pode transformar ainda mais o mercado e impulsionar o uso da tecnologia em larga escala.
“O ritmo da inovação está incrivelmente rápido agora”, afirmou Dan Newman, CEO da Futurum Group, à CNBC. “Estamos vendo os modelos de linguagem se tornarem cada vez mais commodities, com custos caindo e acesso melhorando.”
Além do lançamento do QwQ-32B, o Alibaba anunciou um investimento de US$ 52,4 bilhões em inteligência artificial e infraestrutura de computação em nuvem nos próximos três anos. O aporte supera o que a empresa investiu nessas áreas na última década inteira.
Esse movimento reforça a importância da Cloud Intelligence Group, unidade de nuvem do Alibaba que tem sido um dos motores de crescimento da companhia. “A receita desse setor, impulsionada por IA, continuará a acelerar”, afirmou o CEO Eddie Wu em fevereiro.