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Volta às origens: Natura &Co inicia estudos para segregar Avon

Cada empresa seria listada individualmente; objetivo é simplificar a estrutura corporativa e "gerar mais valor" aos acionistas, diz a empresa

Natura: uso de protocolo em casos de eventos climáticos é frequente (Leandro Fonseca/Exame)
Natura: uso de protocolo em casos de eventos climáticos é frequente (Leandro Fonseca/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 5 de fevereiro de 2024 às 19:31.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2024 às 22:20.

Depois de fazer a maior aquisição de sua história, a Natura &Co está caminhando para ficar mais próxima do que era antes, ainda como Natura. A empresa, que já havia vendido a Aesop e a The Body Shop no ano passado, agora está estudando a separação da Avon em uma outra empresa.

A segregação resultaria em duas companhias de beleza independentes e de capital aberto (Natura e Avon), com planos de negócios próprios, governança independente e equipes de gestão com estratégias próprias.

Na visão da companhia, a Natura seria uma empresa com "claro foco" em sustentabilidade, proprietária e operadora da marca Natura em todo o mundo, e com o direito de operar a marca Avon na América Latina. Já a Avon vai operar um negócio diversificado geograficamente.

A Natura continuaria a operar com ambas as marcas na região e a possível separação não afetaria a integração das marcas na América Latina. A Avon, por sua vez, se beneficiaria indiretamente das vendas na América Latina por meio de um acordo comercial com a Natura.

O conselho de administração deu o aval para as análises da direção executiva. O objetivo é "gerar ainda mais valor" ao acionista, e simplificar a estrutura corporativa, uma tecla em que Fabio Barbosa tem batido com frequência desde que assumiu como CEO, em junho de 2022.

"O objetivo dessa avaliação estratégica é promover o potencial de ambas as empresas, que possuem abrangências geográficas distintas e atendem diferentes consultoras de beleza e consumidores", afirma a empresa. A separação também pode proporcionar mais autonomia a cada negócio, argumenta.

O entendimento, diz um gestor que acompanha o papel, é de que a aposta da direção é de que a "soma das partes" será maior do que manter as duas operações em uma só empresa especialmente com resultados fracos de Avon Internacional -- uma das partes mais encrencadas do portfólio da Natura &Co, especialmente depois da venda da The Body Shop.

Com as vendas na Rússia e na Europa Oriental representando boa parte das vendas, receitas e rentabilidade estão em queda. Em nove meses até setembro, a receita da Avon caiu 11%, para R$ 4,57 bilhões ou -4% considerando ajustes de câmbio. “Não há compradores óbvios, e os contratos nos países em que opera são bastante ‘leoninos’. Encerrar as operações é mais caro que mantê-las mesmo na situação em que se encontram e única solução é tentar sanear o negócio”, explica um gestor que acompanha de perto a companhia.

No fim de 2023, a Natura &Co anunciou  a troca de comando  da Avon Internacional. Angela Cretu deixou o cargo de presidente em 1º de janeiro de 2024, sendo substituída por Kristof Neirynck, que era diretor de marketing e diretor executivo na região da Europa Ocidental.

Sem dar mais detalhes sobre como a separação das empresas poderia ser feita, a Natura reforça que o estudo ainda será feito e apresentado ao conselho, e "não há garantia de que qualquer separação será, em última instância, recomendada."

No começo deste ano a empresa decidiu deslistar seus recibos de ações da bolsa de Nova York, o que deve acontecer na próxima sexta-feira, 9. Nas negociações pós-mercado de hoje, os ADRs avançavam 2%.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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