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Balanços

Vale (VALE3): O que esperar dos resultados do primeiro trimestre

Produção afetada por chuvas, queda nos prêmios de qualidade e câmbio adverso devem pressionar os números do trimestre; ainda assim, analistas seguem construtivos para a ação no ano

Vale: Produção cai no primeiro trimestre, impactada por chuvas na região Norte (Germano Lüders/Exame)
Vale: Produção cai no primeiro trimestre, impactada por chuvas na região Norte (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 24 de abril de 2025 às 06:14.

A Vale (VALE3) deve apresentar resultados mais fracos no primeiro trimestre de 2025, refletindo os impactos operacionais da temporada de chuvas na região Norte do Brasil e uma combinação negativa de fatores, que inclui preços realizados mais baixos, menor volume de vendas e impacto cambial desfavorável.

O consenso da Bloomberg para os números que serão divulgados hoje à noite aponta para um EBITDA de US$ 3,26 bilhões, queda de 5% frente ao mesmo período de 2024 e um lucro de US$ 1,52 bilhão, recuo de 9% na mesma base de comparação.

As projeções de Ebitda ajustado para o trimestre variam entre US$ 3,0 bilhões, do Santander, e US$ 3,4 bilhões, do Itaú BBA.

Temporada de balanços: Confira o calendário de divulgações do primeiro trimestre

A prévia operacional divulgada pela empresa mostra que a produção de minério de ferro caiu 4,5% na comparação anual, para 67,7 milhões de toneladas, com destaque para a redução no Sistema Norte, afetado por restrições de licenciamento e maior volume de chuvas.
Ainda assim, a Vale conseguiu manter os embarques em 66,1 milhões de toneladas, alta de 3,6% no período.

O preço médio realizado do minério caiu para US$ 90,8 por tonelada, abaixo do spot médio (US$ 98/t) e das projeções de algumas casas, como o Citi, que esperava US$ 93/t. A redução reflete menores prêmios de qualidade, com o mix de vendas no trimestre impactado pela limitação operacional imposta pelo clima.

Outro fator negativo foi a valorização de 7% do real frente ao dólar no trimestre, o que reduz a conversão de receitas para empresas exportadoras. "O câmbio mais forte deve reduzir o resultado em reais, mesmo com os preços internacionais das commodities se mantendo relativamente resilientes", diz o BTG.

Apesar dos números mais fracos no minério, a área de metais básicos deve trazer algum alívio. A produção de níquel e cobre cresceu 11% ano a ano, com destaque para o ramp-up de Voisey’s Bay. No entanto, o Citi projeta Ebitda estável em cobre e resultado próximo do zero em níquel. Já o Santander aponta que a produção de cobre (90,9 mil toneladas) ficou 8% abaixo do esperado, enquanto os preços realizados recuaram.

Apesar de pouco ânimo com o trimestre, os analistas mantêm visão construtiva para a ação. O Santander segue com recomendação Outperform, equivalente à venda, destacando o valuation atrativo (EV/Ebitda 2025 de 3x), enquanto o Citi vê dividend yield mínimo de 7%.

O Itaú também tem recomendação de compra e reforça que a ação segue como uma opção atrativa entre os pares internacionais quando se considera a combinação de valuation descontado, fluxo de caixa robusto e políticas de retorno ao acionista.

O BTG, mais cauteloso no setor como um todo, mantém recomendação neutra, mas destaca que a Vale segue com uma estrutura de capital sólida e geração robusta de caixa.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

Juliana Alves

Juliana Alves

Repórter de mercados

Formada em jornalismo pela ECA-USP. Foi trainee de jornalismo econômico no Estadão e trabalhou em redações como Rádio CBN e Traders Club.

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