Sem tempo ruim: Cinco razões para otimismo as incorporadoras de baixa renda, segundo o BBA
Com Minha Casa Minha Vida e baixa exposição aos riscos macro, banco eleva estimativas para o setor, com preferência por Direcional e Cury
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 20 de junho de 2024 às 15:53.
Última atualização em 20 de junho de 2024 às 15:56.
Em meio à sangria da bolsa brasileira e os ruídos políticos trazendo preocupação para o cenário macro, o Itaú BBA soltou um relatório com cinco motivos pelos quais vale apostar nas incorporadoras voltadas para baixa renda.
O time de analistas do banco atualizou estimativas e suas teses de investimento para o setor, apontando a Direcional e a Cury como suas preferidas. Com recomendação de compra, as duas tiveram seus preços-alvo elevados de R$ 31 para R$ 35 e de R$ 22 para R$ 25, respectivamente.
“Poucos setores podem combinar condições microeconômicas favoráveis, alto crescimento e atratividade de retorno”, escreveu o time liderada por Daniel Gasparete.
Plano & Plano e MRV também têm recomendação de compra, mas tiveram corte de preço-alvo. A primeira passou de R$ 16 para R$14, enquanto a segunda foi de R$ 12 para R$ 10. A Tenda, com recomendação neutro, teve seu preço-alvo elevado, de R$ 12 para R$ 13.
Minha Casa Minha Vida
A primeira razão para a confiança do banco no setor tem nome e sobrenome: Minha Casa Minha Vida.
Com os estímulos do programa, o time prevê mais lançamentos em 2024 e 2025, com margens mais altas, beneficiadas pelo banco de terrenos próprio e aumento dos preços das unidades.
As incorporadoras também devem ter uma geração de caixa sólida, com maior velocidade de vendas e margens melhoradas.
“Esperamos que as prévias operacionais continuem sendo pontos de dados positivos, provavelmente alinhando as estimativas de consenso com nossas previsões para o setor – nossa estimativa de lucro para 2025 está atualmente 10% acima do consenso”, dizem os analistas do BBA.
Crescimento de lucros bem acima da Bolsa
O cenário benigno já está resultando em um crescimento substancial do lucro – a segunda razão do otimismo.
A equipe prevê um crescimento composto anualizado de 35% a 45% para Direcional e Cury entre 2023 e 2025, em contraste com uma média de 20% em outros setores do mercado de ações.
Dividendos
O terceiro motivo são dividend yields atraentes – o que pode não parecer tão óbvio. Na avaliação do banco, os números robustos de vendas, combinados com margens altas, devem suportar uma geração significativa de caixa para o setor em 2025, que deve retornar aos acionistas.
“Estamos confortáveis em assumir um índice de pagamento de 75%, resultando em um dividend yield atrativo de 10% a 12%.” Isso posiciona o setor como um dos principais pagadores de dividendos no mercado.
No bad news
O fluxo de notícias negativas diminuiu também, outro destaque do relatório. A recente conclusão do debate sobre o FGTS no Supremo Tribunal teve um resultado positivo.
Além disso, as preocupações sobre a escassez de financiamento diminuíram após a reafirmação do governo de suplementar o orçamento. E a inflação na construção, que já foi um problema significativo para o setor, foi controlada no último ano, com o INCC permanecendo abaixo da marca de 4% desde junho de 2023.
À prova de risco macro
A quinta e última razão é a perspectiva de riscos macroeconômicos limitados. “Contrariamente às preocupações macroeconômicas que afetam outros setores, vemos o segmento de baixa renda bem-posicionado nesse aspecto”
Uma das bandeiras do governo atual, o MCMV deve sustentar a abordagem favorável no futuro.
Além disso, observam os analistas, as condições subsidiadas do programa reduzem a exposição do setor às taxas de juros do mercado, minimizando o impacto das flutuações nas taxas sobre os retornos esperados.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado