Prio anuncia compra de campo de Peregrino por US$ 1,9 bi
Operação vai aumentar produção da petroleira em 40%
Rebecca Crepaldi
Repórter de finanças
Publicado em 27 de setembro de 2024 às 09:33.
Última atualização em 27 de setembro de 2024 às 11:47.
A Prio (antiga PetroRio) acaba de anunciar a compra de 40% do campo de Peregrino, antes pertencentes à chinesa Sinochem. O valor do negócio é de US$ 1,91 bilhão, mas pode chegar a US$ 1,6 bilhão, após ajustes que incluem a geração de caixa do campo desde o início de 2024.
A informação, publicada via fato relevante nesta sexta-feira, 27, já havia sido antecipada pelo INSIGHT.
O investimento, que se consolida como um de seus maiores M&As, deve aumentar em 40% a produção diária de petróleo da Prio, que hoje gira em torno de 85 mil barris por dia, somando mais 36 mil barris por dia à operação.
Já as reservas 1P, que são as reservas de petróleo provadas, vão aumentar em 20% com essa compra, passando de 600 milhões de barris para 735 milhões.
Com a aquisição, a Prio espera economizar dinheiro no transporte de petróleo, “completando” os navios do campo Peregrino.
De acordo com o documento, cada offtake (venda e carregamento) de Peregrino é de aproximadamente 650 mil barris. Segundo o CEO Roberto Monteiro, em entrevista ao Brazil Journal, a capacidade dos navios é de 1 milhão. Sendo assim, os outros 350 mil poderiam vir de outros campos da Prio.
O petróleo extraído do campo Peregrino é vendido com um desconto em relação ao preço de referência do Brent. Esse desconto atualmente é de cerca de US$ 12 a US$ 10,5 por barril, mas a otimização do frete deve gerar uma economia de US$ 4 por barril.
Valores na aquisição
Apesar do custo da aquisição girar em torno de US$ 1,91 bilhão, a Prio não irá pagar o montante integral. Isso porque o "valor efetivo" da transação é considerado a partir de 1º de janeiro deste ano.
Desde então, o campo já gerou entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões de receita, o que será descontado do custo para a Prio. O preço final ficará entre US$ 1,6 bilhão e US$ 1,7 bilhão.
Além disso, o preço da transação foi de US$ 14 por barril de petróleo, um pouco mais alto do que o valor dos barris que a Prio já negocia na Bolsa, que é de US$ 11 por barril.
A subsidiária da Sinochem que opera o campo também tem um prejuízo acumulado de US$ 650 milhões. A Prio pode usar esse prejuízo para reduzir os impostos que terá que pagar nos próximos anos.
De acordo com fato relevante, a alavancagem da Prio vai aumentar de 0,4x para 1,2x Ebitda com essa compra, mas a empresa espera que, com o caixa que o campo vai gerar, a alavancagem volte para perto de zero até o final do ano que vem.
Para pagar a compra, a Prio pegou empréstimos de mais de US$ 1 bilhão com diversos bancos, como BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME), Citi, Santander e Itaú. A ideia é que esses empréstimos sejam refinanciados quando o mercado estiver favorável, usando instrumentos como debêntures e bonds.
Aquisição ainda depende de Equinor
O novo consórcio será formado pela empresa norueguesa Equinor, que controla os outros 60% do Campo, e pela Prio, com 40% de participação.
Entretanto, de acordo com o fato relevante, a conclusão do negócio está “sujeita às condições precedentes usuais para este tipo de transação”, como aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), além do “direito de preferência” que a Equinor tem 30 dias para exercer.
Ou seja, a companhia tem a prioridade para, se quiser, igualar a oferta da Prio e adquirir a fatia da Sinochem. Contudo, a Prio não considera provável que a Equinor faça esse movimento.
Apesar de ter comprado uma parte do campo, a Prio não será a operadora principal, então não influenciará diretamente as operações do campo.
No entanto, o mercado já especula que a Prio possa comprar, em um futuro, a fatia da Equinor. Como minoritária, a Prio teria direito de preferência na compra.
"Acreditamos que essa aquisição é apenas o primeiro passo em uma estratégia mais ampla para eventualmente comprar todo o campo. Esperamos que a Equinor venda sua participação no ativo nos próximos anos", disse o BTG em relatório.
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Rebecca Crepaldi
Repórter de finançasJornalista formada pela Unesp, mestranda em Jornalismo Científico na Unicamp e especializada em Jornalismo Econômico pela FGV. Tem mais de 5 anos de experiência em redação com passagens pelo G1 e Estadão.