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Agronegócio

Por que o BTG aposta na Boa Safra – apesar do momento ruim da soja

Agruras de concorrentes menos capitalizados podem abrir espaço para aquisições a preços atrativos, aponta o banco

Boa Safra: desde o IPO, as ações da empresa sobem 70% (Foto: Axial-Flow/Divulgação) (Axial-Flow/Divulgação)
Boa Safra: desde o IPO, as ações da empresa sobem 70% (Foto: Axial-Flow/Divulgação) (Axial-Flow/Divulgação)
Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 19 de fevereiro de 2024 às 18:31.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2024 às 18:58.

Na contramão das promessas frustradas dos IPOs de 2021, a Boa Safra, líder na produção de sementes de soja no país, construiu uma trajetória de resultados consistentes enquanto empresa listada. Dobrou sua capacidade de produção do seu carro-chefe, expandiu para novas regiões, entrou na produção de sementes de milho e está diversificando seu portfólio para outras commodities agrícolas. 

Para o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle de EXAME), há espaço para mais. Após um encontro com a direção da companhia, o banco está aumentando o preço-alvo dos papéis para o fim no ano de R$ 19 para R$ 20 e reforçando sua recomendação de compra. As ações da Boa Safra hoje valem R$ 15,26 

“A Boa Safra oferece uma combinação única de crescimento, retorno e valuations atrativos num dos setores mais promissores do Brasil”, escreveu a equipe liderada por Henrique Brustolin. 

Na frente de expansão orgânica, a Boa Safra já sinalizou planos de aumento de 50% no volume de sementes de soja e de 154% para milho até 2027. E começou a explorar oportunidades em feijão, sorgo, forragem e trigo, que devem ser uma avenida de extração de valor nos próximos anos, na avaliação do BTG. 

O objetivo é atingir 15% do market share de sementeiras no país nos próximos anos. Hoje, a empresa tem em torno de 7%. 

Além disso, em soja e milho, há grandes oportunidades para crescimento via fusões e aquisições. Desde o IPO, a empresa fez duas aquisições: a da BestWay, de olho em começar a produzir semente de milho, e da DaSoja, que aumentou o alcance comercial em sementes.  

Agora, com o momento mais desafiador para o agronegócio – e especialmente para a soja – depois de anos de lucro recorde, o BTG acredita que bons negócios a valuations atrativos podem surgir.  

“Crescimento sempre traz risco, mas o histórico da companhia desde o IPO justifica o benefício da dúvida”, afirmam os analistas, ressaltando o foco da Boa Safra em rentabilildade 

“Historicamente, a Boa Safra tinha um foco em ganhar participação de mercado, aproveitando seu modelo de negócios com poucos ativos para impulsionar a consolidação do setor. Ainda que isso tenha permanecido, nós acreditamos em uma ênfase maior em gerar valor.” 

O principal driver de crescimento, nesse sentido, tem sido o investimento em sementes com biotecnologia e tratamento industrial (TSI, na sigla), neste último caso máquinas de alta tecnologia que trata as sementes com delicadeza, reduzindo danos mecânicos e garantindo o desenvolvimento saudável das plantas. 

Ao longo dos últimos três anos, esses dois grupos passaram a compor a maior parte do volume de vendas da Boa Safra (97% e 33%, respectivamente, com aumentos de dois dígitos). 

Esse tem sido um importante diferencial para a empresa conseguir praticar preços maiores para os grãos de soja, mesmo em meio ao momento de queda de preços para o grão em si.  

“Apesar de os preços médios [do grão] terem caído 22% no primeiro semestre de 2023, quando a maior parte dos pedidos foi estabelecida, o da semente de soja, de R$ 8,8 mil por big bag nos primeiros nove meses do ano, foi 5% superior em relação a 2022”, dizem os analistas.  

De modo geral, royalties de biotecnologia não se correlacionam com os preços dos grãos – e o banco espera que o mix de vendas de TSI continue crescendo — o que completa um ciclo virtuoso para a companhia. 

As perspectivas positivas são coroadas pela saúde do balanço da empresa. Hoje, a Boa Safra tem uma alavancagem estimada em 0,7 vez para o ano de 2023. Desde o IPO, as ações da empresa sobem 55%. Nos últimos 12 meses, a alta foi de 25%.  

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.

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